Senta e chora. É o que a empreendedora social Adriana Barbosa faz enquanto segura a filha de dois anos no colo. No chão da kitnet recém alugada no bairro da República, em São Paulo, ela está imóvel. A dívida de R$ 200 mil pesa na conta bancária. Só levanta tempos depois porque a vida precisa continuar. Seca as lágrimas, arruma a filha para a escola e checa as mensagens que recebeu no celular. Uma delas transforma lágrimas em riso. Parecia piada. "Você vai conhecer o Obama!", dizia uma amiga. A mesma Adriana, que minutos atrás não tinha dinheiro para comer, acabava de ser convidada para ir até Nova York jantar com o ex-presidente dos Estados Unidos.
Dois anos depois dessa cena, agora em 2019, ela explica a situação. O convite veio por conta de outro grande acontecimento: em 2017, foi eleita uma das 51 pessoas negras mais influentes do mundo pela Mipad (Most Influential People of African Descendent, ou Pessoas de Descendência Africana Mais Influentes do Mundo, em tradução livre). De brasileiros, só ela, a atriz Taís Araújo e o ator Lázaro Ramos configuraram a lista.
O motivo? Adriana criou um dos maiores eventos de empreendedorismo e cultura negra da América Latina. Na Feira Preta, que desde 2002 acontece todo final de ano em São Paulo, ela reúne empreendedores e artistas negros de todo o Brasil, com o intuito de gerar renda para a própria população negra. Agora já na 18ª edição, a Feira atingiu números grandiosos: foram 700 pessoas expondo e vendendo produtos, 600 performances artísticas, 120 mil visitantes e R$ 4 milhões circulando nos negócios.