"Em 2017, tive a oportunidade de representar a juventude brasileira na COP23, Conferência de Clima da ONU que aconteceu em Bonn, na Alemanha. Lá, eu me senti muito incomodada, porque não via pessoas parecidas comigo abordando esse tema. O que eu via eram pessoas se apropriando do meu lugar, da minha narrativa, para falar de um problema que me atravessava.
A gente não teve uma educação climática, então muitas vezes esses debates são lidos como pertencentes a pessoas brancas, elitizadas, ricas, privilegiadas. Mas, quando a gente aprofunda o debate, trazendo intersecções, a gente entende que a maioria preta e de quebrada está sendo mais impactada.
Mas também foi lá na COP que conheci o pessoal do Engajamundo e fiquei 'uau, que legal, tem bastante jovem que fala com propriedade e domínio, ao mesmo tempo em que estou mobilizada com meus pares'. Voltei para o Brasil e entrei no Engajamundo.
O sentimento de 'por que não tem pessoas parecidas comigo nesse ambiente?' foi cristalizando em mim quando fui para a Polônia para participar da COP24. Em 2019, apliquei para um programa que estava selecionando jovens do Sul Global que tinham ideias para transformar sua realidade.
Fui para os Estados Unidos, fiquei lá desenvolvendo o Perifa Sustentável, voltei e o projeto nasceu. Coloco a minha dor para mobilizar, pois queria criar algo para fazer pontes: juntar o que está acontecendo a nível global com o que está acontecendo a nível local."