"Trabalhei em grandes empresas, sou administradora e designer. Num determinado momento, parei pra cuidar de uma questão de saúde da minha avó e tive que recomeçar após o falecimento dela.
Foi um período de bastante sofrimento, mas também de muito reconhecimento. Até mesmo na questão da minha ancestralidade, de buscar minhas raízes... foi estando esse tempo com a minha avó que escutei muito mais as histórias da época dela. Isso me fez sair de uma guria com o cabelo alisado pra uma pessoa que cortou o cabelo bem curtinho e deixou o crespo assumir o seu lugar.
Os valores que a gente tinha mais presentes eram o amor, o cuidado e a educação. Cresci num ninho em que tive muito amor, apesar de ser extremamente vulnerável. Quando tive essa ruptura, de ver minha avó, a pessoa que eu sempre amei, indo embora aos poucos, me fez refletir muito sobre a vida, sobre o ritmo que a gente leva. A gente é muito acelerado pra tudo, aí às vezes vai deixando as pessoas que a gente ama e que estão do nosso lado sentindo falta da gente ou de uma atenção maior. Me impactou muito o quanto eu poderia ter curtido mais.
Foi muito doloroso, quase cometi suicídio, desisti por um minutinho - acho que minha avó interferiu. Então, a Badu nasce pra que as pessoas não cheguem nesse ponto."