Os primeiros cinco anos de trabalho foram sensibilizando a população sobre a mudança de sistema econômico, e ensinando os moradores de Corrientes a lidar com o bicho: regras para convivência e como agir em caso de encontros inesperados, por exemplo. Isso significava se envolver com o dia-a-dia das comunidades, falar com políticos locais e entender as particularidades da região.
Os outros dez anos foram dedicados a trazer os yaguaretés de volta. O investimento da Fundação, em 15 anos, para compra de terras e construção de infraestrutura, foi de 28 milhões de euros. Já a gestão do processo de reintrodução e manejo dos animais custa por volta de 1 milhão de dólares por ano. A verba vem de doações.
As primeiras onças, vindas de zoológicos ao redor do mundo, procriavam sob os cuidados de mais de 150 biólogos da Fundação Rewilding, em cativeiro. Depois, os filhotes eram transferidos para um semi-cativeiro (grandes cercados, semelhantes ao habitat natural, onde não tinham contato com humanos e caçavam presas vivas).
Esse processo acontecia ao completarem um ano de idade, e algumas vezes os bichinhos eram acompanhados por suas mães. Depois de um ano e meio, estavam prontos para ir viver na natureza de fato.
Em 2021, a espera de todos acabou quando os primeiros animais foram soltos na região. O pequeno Arami nasceu em 2018 no centro de reintrodução criado pela Fundação Rewilding. Já Jatobazinho é um exemplar brasileiro levado à Argentina por meio de colaboração com o governo.
Em 2022, nasceram seus dois primeiros filhotes, os primeiros concebidos em liberdade em Iberá. Eles receberam o nome de Arandu, "um ser sábio", e Jasy, "lua", em tupi-guarani. Eles foram avistados sendo carregados pela mamãe pelas câmeras que a Fundação tem para monitoramento do parque - com eles, agora a população de onças em Iberá é de dez exemplares.