"Eu não tinha um grande interesse por questões ambientais ou sociais quando era mais jovem. Em 2011, me formei como oficial náutico e imediatamente comecei a trabalhar em um quebra-gelo da pesquisa polar alemã.
Na minha primeira viagem, subimos até o Polo Norte e fiquei bastante chocada com a sua aparência. Eu tinha essa ideia, provavelmente tirada de livros infantis que tinha lido ou de documentários que havia assistido, de que haveria muito gelo e que seria muito difícil chegar lá com o navio. Mas na verdade foi muito fácil, porque a maior parte do gelo tinha apenas um ano de idade — era gelo que havia congelado no inverno anterior, enquanto no passado costumava haver muito do chamado gelo multiano, formado ao longo de vários anos. Tivemos realmente que procurar por muito tempo até encontrar gelo espesso e antigo para fazer o trabalho de pesquisa. Isso foi há nove anos. Ficou muito pior desde então.
Quando conversei com os cientistas nesta missão, havia pessoas que faziam esse trabalho há 20 ou 30 anos. Eles diziam: 'nós temos relatado os dados ao longo de toda nossa carreira. Sempre pensamos que se levássemos os fatos científicos aos políticos, aos governos, eles tomariam as medidas cabíveis'.
Mas é claro que isso não funcionou. Trabalhei dois anos e meio para o instituto de pesquisa polar alemão e tive muitas conversas semelhantes a essa com cientistas. Eles diziam que a ciência que vinha sendo produzida sobre aquecimento global, proteção da biodiversidade, pesca predatória, não estava levando a ações políticas.
No começo, talvez eu fosse ingênua, tivesse esperança de que, trabalhando em um navio de pesquisa, estava fazendo algo de bom, contribuindo com algo útil. Mas percebi que não. Porque, claro, precisamos da ciência, mas o que falta mesmo é vontade política para implementar as soluções e recomendações dos cientistas. Esse é o grande problema. Por isso decidi que queria fazer algo além de pilotar o ônibus dos cientistas."