"Nós estamos todos misturados em uma sociedade que culturalmente pede para a gente ignorar e negligenciar a deficiência. As pessoas com deficiência foram educadas a não falarem sobre suas deficiências também, o que eu sou radicalmente contra.
Eu não tenho que trazer a minha deficiência como meu único valor, minha história não se resume à minha deficiência. Mas ela existe, e de vez em quando eu preciso falar sobre as limitações que ela me traz. Só que acredito que essas limitações podem ser compensadas quando a gente tem informação.
Entendo que estar no mercado de trabalho deve ser um direito de todas as pessoas, mas infelizmente nossa cultura capacitista tirou esse direito das pessoas com deficiência por muito tempo.
Para nós existem três pilares que antecedem a vida antes do trabalho. O primeiro é a família, mesmo famílias incríveis paternalizam muito as pessoas com deficiência, o que atrapalha muito. O segundo é o acesso à saúde de qualidade que ainda é complicado no nosso país. E terceiro é a educação. Os que chegam na escola encontram um ambiente que não atende às necessidades deles. Essas pessoas chegam para arrumar trabalho já tendo vivido toda essa estrutura de exclusão.
Hoje estamos trabalhando para desconstruir essas privações."