A iniciativa que Daiana coordena surgiu no meio da comunidade e tem como voluntários pessoas que também têm poucos recursos, mas disposição e vontade de ajudar.
"É gente que não tem dinheiro. Não é coletivo de universidade. As voluntárias são diaristas", ressalta. Isso faz com que o movimento crie identificação e percorra lugares onde a população "não se reconhece como sujeito de direito". Muitos não conseguiram o auxílio emergencial do governo federal por falta de documentação. Há ainda mulheres idosas ou com deficiência física que não conseguiam se deslocar.
Outro problema latente durante a pandemia foi a falta de estrutura das casas da comunidade. O Fundo das Mulheres POA passou a contribuir também para melhoria das construções. "A falta de estrutura não é uma escolha. É um processo de empobrecimento que se dá antes da pandemia e que contribui para a vulnerabilização dos moradores", relata.
Além do recorte social e de gênero, o projeto auxilia majoritariamente mulheres negras, que representam cerca de 80% do público atendido. "Elas fazem parte de um ciclo de violência difícil de romper", constata Daiana.