"Eu era uma mulher de 35 anos quando percebi que, em algum momento da minha vida, fui induzida a fazer escolhas não apenas baseadas em minhas vontades ou no meu potencial para obter os resultados que eu alcancei.
Quem me olhava achava que eu estava muito bem. Uma menina de uma família de funcionários públicos de classe média baixa que se tornou executiva em grandes empresas ganhando ótimos salários. Era o sonho da minha geração, um bom emprego e estabilidade. Mas eu me sentia muito incompleta.
O projeto Força Meninas nasce desses conflitos. Eu não via mais significado no meu trabalho, queria fazer algo que tivesse relevância, que deixasse alguma mudança para o mundo e para a sociedade.
Outro ponto foi o fato de ser mulher no ambiente corporativo: apesar de ter chegado numa posição sênior, foi muito difícil atingir esse estágio, me coloquei muitas vezes em situações de estresse extremo. E quanto mais eu me desenvolvia, menos mulheres eu encontrava.
Tinha vontade de ser mãe, mas trabalhava 13 horas por dia e faltava coragem. Ser uma executiva e ter filhos é um desafio monstruoso. Estava cansada, sem propósito e perdida. Decidi abandonar a carreira corporativa, pedi demissão, tinha uma reserva que me permitia isso.
Comecei a fazer terapia para tentar resgatar aquela menina que eu era. Essa jornada de autoconhecimento me deu as pistas de que queria trabalhar com igualdade de gênero. Foi então que me lancei numa pesquisa para entender tudo o que limitava o potencial das mulheres."