Naquela manhã em que as Torres Gêmeas caíram, o londrinense Fernando Botelho, 49, estava a poucas centenas de metros do World Trade Center. As imagens dos aviões que viraram bolas de fogo ao colidirem contra os arranha-céus estão na memória coletiva. Embora Fernando estivesse lá, a uma distância suficientemente próxima para ser atingido caso os prédios não tivessem desmoronado sobre si mesmos, ele não assistiu à cena. Nem naquele dia, nem nunca.
Cego desde os 15, Fernando se recorda do dia que mudou o curso da história de uma forma diferente. "Toda aquela cinza no chão abafava o barulho da cidade. Não tinha barulho normal de trânsito, nem música nas lojas. E papéis para todo lado porque ali era tudo escritório, pisávamos em tudo", afirma.
Fernando sofre de retinose pigmentar, uma doença hereditária, degenerativa e sem cura, que atinge uma a cada 4 mil pessoas. Movido desde sempre por uma profunda vocação de ajudar os outros, o paranaense, nascido em Londrina, passou a buscar desde 2007 soluções para pessoas como ele, com algum tipo de deficiência visual. Como? Permitindo que elas tenham acesso ao computador para estudar e trabalhar.
"A acessibilidade na internet é importante para ter a educação à distância, para um estudante fazer as tarefas de casa ou interagir com os colegas de curso. Não ter acesso à tecnologia afeta a educação e futuras oportunidades de emprego", explica o fundador da F123, empresa social que reinveste todos os recursos arrecadados em projetos sem fins lucrativos.