"Como descobri a exclusão do povo negro? Quando fiz uma palestra para a juventude negra, na Baixada Fluminense, com mais de 100 jovens, eu perguntei: levante a mão quem de vocês vai fazer faculdade. Eu vinha de duas faculdades e, na minha cabeça, fazer faculdade era o normal de todo ser humano. Não imaginava que era possível uma pessoa jovem, seja ela pobre ou rica, não ter o sonho de fazer faculdade.
Mas só dois [jovens] levantaram o braço. Ali, caiu a ficha. E eu entendi qual era a minha vocação. Lutar radicalmente para que negros e pobres tivessem acesso à educação.
Ninguém é racista por maldade. Todo mundo que é racista é por falta de oportunidade de conhecer a dor do outro. Há um problema grave no Brasil onde os poderosos, até hoje, não querem sentir a dor dos escravizados, as vítimas da escravidão. Agora, quem é branco e tem o coração bom consegue entender a dor do negro e consegue ver que a cota é um bem para todo o Brasil.
Estamos cheios de esperança de ver o país mudar a partir do trabalho de consciência. Tomar consciência dos erros é a melhor maneira de criar um Brasil melhor"