"Durante a faculdade, entrei em contato com várias outras realidades e acabei criando a força para viver a minha transgeneridade de forma pública. Foi nesse momento que a Gabriela nasceu. Junto dela, a necessidade de falar para as pessoas do meu entorno que eu não era mais ele e sim ela.
Eu nunca "contei" para a minha mãe que eu sou trans. Simplesmente fui deixando de lado as coisas atreladas ao gênero masculino e me permitindo viver aquilo que estava relacionado com o universo feminino. Ela não precisou dizer que me aceitava como sou, apenas seus gestos já demonstravam seu sentimento.
Tenho certeza de que esse apoio que recebi me deu coragem para enfrentar os desafios da vida. Com 26 anos me formei em direito em uma importante universidade, fundei uma empresa de consultoria e assumi um cargo de gestão, passando a trabalhar com importantes projetos no Brasil e na América Latina.
Percebi que tinha que trabalhar ainda mais para promover mudanças. Isso me fez ficar até mais tarde, conversar com as empresas. Ir até elas abriu as portas para que a Transcendemos virasse uma referência em diversidade e inclusão. Muita coisa mudou nos últimos anos: há um movimento global de tomada de consciência e as pessoas estão mais em busca de seus direitos, com mais pessoas falando sobre racismo, colorismo, LGBTs."