A gente precisa começar o quanto antes e precisa voltar os olhos para as crianças e adolescentes, todos os seus direitos, mas também enxergar as dificuldades que eles experienciam. Isso significa levar a sério o direito ao esporte, à cultura e à educação — somente assim a gente vai conseguir construir uma sociedade um pouquinho melhor.
A gente tem que saber que o trabalho é de longo prazo, não adianta ficar procurando um messias para resolver a situação brevemente porque não é o caso. A gente precisa fazer um trabalho longo e de base; vai levar um tempo para consertar os problemas que a gente vem cavando com uma pá cada vez maior há 5 anos. Na Vara da Infância, e isso acontece também na área de violência doméstica e execução criminal, o trabalho fora do fórum é bem relevante para que o serviço seja efetivo.
Só julgar os processos acaba tendo uma efetividade muito menor do que julgar os processos e tentar se antecipar aos problemas mais corriqueiros. O cruzamento entre o meu trabalho como juiz e o que se chama de trabalho social tem bastante relação com a possibilidade de nós nos anteciparmos a esses problemas que afetam crianças e adolescentes, tanto as questões da nossa região quanto os obstáculos estruturais. Então, a gente surge com soluções criativas para proteger a infância.