A pessoa com deficiência é vista pela deficiência. Quando você se depara com um lugar que não tem acessibilidade, sente pena, não fica indignada como quando presencia um ato de racismo. Se você não tolera um ato de racismo e homofobia por que vai tolerar de capacitismo? Essas lutas têm de ser de todo mundo. Ela não é menor e nem menos importante. A inclusão não deve ser um tema só das pessoas com deficiência.
Já cheguei em reunião em que a pessoa perguntou se eu tinha estudado. Eu estava acompanhada por outra pessoa sem deficiência para apresentar um projeto. Por que essa outra pessoa também não foi questionada? E mais: é comum você perguntar em reuniões se quem está apresentando o projeto estudou? Acho que não. É como se pessoas com deficiência fossem dignas de pena ou de necessidade de ajuda. A gente só quer respeito e queremos que as pessoas olhem para as nossas qualidades.
Por isso, respeito, mas não endosso quem trabalha com pessoas com deficiência sob o viés de superação. A romantização da superação atrasa muito uma luta para a gente existir.
Claro que existem histórias de superação, mas essa fórmula de estabelecer que uma pessoa com deficiência é um coitado ou um herói faz com que a gente não saia dessa zona. Não saímos desse aprisionamento de estereótipo. A gente é muito mais do que isso.