No meio do mercado financeiro as coisas são muito romantizadas. É romantizado você sofrer, você passar dificuldades para estar onde você está. Eles apontam o dedo dizendo "eu consegui e você não consegue porque não se esforça o suficiente". Mas cada um tem a sua realidade.
Quem mora na favela passa mais dificuldades do que eu passava quando morava na periferia. Eu não posso falar "se eu fiz, você pode também e se você não conseguir é porque você não se esforçou". E é isso que eu vejo sendo dito: culpabilizar o pobre por ele estar na situação em que está. Mas ninguém problematiza o fato do governo não aumentar o salário mínimo para um salário digno. Ninguém problematiza a falta de muitos direitos trabalhistas. Quando você vai problematizar isso, dizem que você é esquerdista.
Sei que boa parte dos brasileiros passa fome, mas sei também que tem pessoas que estagiam, que são jovens aprendizes, que pagam as contas com os pais, os avós. E a gente não vai falar com essas pessoas? Vamos deixar elas se endividarem? Pessoas que estão passando fome não conseguem pensar em educação financeira. Não posso romantizar isso; elas precisam comer. Mas sei que tem gente que pode estudar, consumir conteúdo gratuito na internet e economizar.
Eu tenho um público formado por pessoas que não aprenderam educação financeira antes porque não tiveram acesso. Sei que a educação financeira não resolve todos os problemas do Brasil. Mas ela ajuda. (Nath Finanças)