"Era aluna de uma escola estadual e estávamos no meio de um campeonato escolar, faltou uma menina para compor a equipe do revezamento 4x100 no atletismo. O professor me convidou para participar, pois disse que eu era ágil. Era muito magrela e ele ainda brincou: 'qualquer coisa o vento te leva.' Ele me entregou o bastão, eu segurei e corri com toda a força que tinha. Praticamente voei mesmo, fiz o melhor pace [tempo]. Era novembro de 1974, desde então, nunca mais parei de correr.
Quando estou correndo me sinto livre, liberta de tudo, é como se não existissem problemas. A corrida é meu mundo perfeito, me alimenta, me sustenta, me deu amigos e família. Na hora que eu corro eu converso com Deus e converso com Mark [filho assassinado aos 21 anos]. Não tem um dia em que eu não me lembre dele, o luto é para sempre.
Penso na minha mãe que precisou se prostituir para sobreviver, nos meus filhos, meus sete netos, minha bisneta. Quero conspirar para fazer um mundo melhor para todos nós. Quando corro, penso em tudo isso.
Meus melhores projetos, iniciativas e ideias aparecem quando estou correndo. Já fiz até reunião correndo, foi assim também com meu 'anjo bom' [um patrocinador anônimo]. Foi ele quem me deu suporte financeiro para que pudesse me dedicar somente ao Vida Corrida. Hoje não trabalho mais, só me divirto."