Rhenan Cauê Barbosa tinha apenas 7 anos quando, ao chegar da escola, encontrou a fazenda em que morava, em Araguatins (TO), pegando fogo. Momentos antes, um trator batera no poste de luz, causando um curto circuito que provocou o incêndio. Em seguida, tudo queimava. A mãe de Rhenan, Ana Cláudia Barbosa, 33, precisou prender o menino nos braços com força. "Ele queria correr para dentro do fogo. Chorava e gritava, pedindo que alguém fizesse algo", diz ela.
O desespero de Rhenan era por salvar a vaca que costumava ordenhar, o porco que adorava alimentar e os outros animais com os quais brincava. Enquanto o garoto chorava, os bichos corriam tentando escapar das chamas. Os baldes de água que a família de Rhenan e a vizinhança arremessaram não foram suficientes para conter a tragédia, que só cessou com a chuva que caiu no dia seguinte.
Depois do episódio, Ana Cláudia teve medo de como o filho ficaria. Mas Rhenan a surpreendeu transformando o trauma em algo bom. E não apenas para ele. O garoto passou a estudar tudo o que tinha a ver com meio ambiente e as formas de protegê-lo. Sua disposição motivou, anos depois, a criação de um projeto para revitalizar o córrego Brejinho, um afluente do rio Araguaia que corta sua cidade.
A iniciativa mobilizou cerca de 500 moradores de Araguatins e ganhou projeção internacional. O garoto acaba de voltar da Armênia. Esteve lá para apresentar o projeto de revitalização do Brejinho na conferência da "Teach For All", rede internacional que integra 53 organizações de diversos países e cujo objetivo é fortalecer e impulsionar iniciativas de educação.
Graças ao projeto, Rhenan é também um dos nove escolhidos entre 60 candidatos do Brasil todo para participar do Programa Jovens Transformadores da Ashoka, uma das cinco ONGs internacionais de maior impacto social. A organização promove a conexão entre agentes de transformação dos 92 países em que atua e realiza atividades para incrementar o trabalho deles.
"Só percebi o tamanho disso tudo esses tempos. Fiquei sabendo que, em uma escola particular de Araguatins, uma professora pediu para a classe escrever uma redação falando quem os alunos queriam ser quando crescer. Um menino de 8 anos escreveu que queria ser eu!", conta Rhenan.