Em 2016, Silvana Bahia foi convidada a falar de um projeto de comunicação no Festival Latinidades, encontro de artistas e intelectuais negras em Brasília. Mas ela também queria apresentar para o público do evento, pela primeira vez, sua criação mais recente: uma iniciativa voltada à inserção de mulheres negras na área de tecnologia.
Foi ali, diante de uma plateia formada por intelectuais negras que ela admirava, como Sueli Carneiro, Cida Bento e Jurema Werneck, que a PretaLab deixou de ser uma ideia para ganhar impulso e concretude.
"Eu estava muito nervosa, com muito medo de falar besteira, de ser rechaçada. Ficava pensando: são tantas as mazelas das mulheres negras e eu aqui querendo falar de tecnologia", conta a Ecoa.
Para sua surpresa, a resposta foi positiva. Depois da apresentação, ela conversou com a médica e ativista pelos direitos humanos Jurema Werneck, que a parabenizou e tranquilizou. Disse que o projeto era importante e que as mulheres negras precisavam estar dentro da tecnologia, que não era possível esperar que todas as "mazelas" fossem resolvidas para pensar nisso.
"Quando a gente começou a desenhar o que seria a PretaLab, algumas pessoas falavam que não ia dar certo, que era o recorte do recorte e ser uma mulher em tecnologia já era muito difícil", diz. "E eu falava: vamos ter que esperar as mulheres brancas se inserirem para depois inserir as negras? Por que não chega todo mundo junto?"
Assim, ainda em 2017, o projeto colocou em prática suas primeiras ações: um mapeamento das mulheres negras que já atuavam na área no país e uma série de vídeos com profissionais negras que tinham um trabalho reconhecido em tecnologia e inovação.