"Estamos vivendo tempos difíceis. Vemos, de fato, um processo de desmonte do arcabouço legal, um desmonte da estrutura institucional que vem sendo criada ao longo de décadas no Brasil. Esse desmonte ambiental tão acelerado leva a imagem e o posicionamento do Brasil de forma muito negativa globalmente.
O país nunca foi tão malvisto lá fora como é hoje, e é malvisto pelos consumidores dos nossos produtos, pelos governos que potencialmente poderiam ser nossos aliados. É malvisto pelos fundos de investimento globais, que cada vez mais estão fugindo do Brasil.
Mas, ao mesmo tempo, esse processo acaba fazendo com que setores que nunca se mobilizaram ou que nunca tiveram uma postura muito ativa nesses temas [de desmatamento e proteção da floresta e de comunidades locais] sejam obrigados a se mobilizar.
Temos visto o movimento de grandes empresas, bancos e frigoríficos, em parte motivado por esse movimento contraditório, que acaba provocando reações, e levam setores que ficaram em cima do muro, sejam obrigados a tomar um posicionamento.
Nunca podemos olhar somente sob um ângulo, tem um lado que sim, é triste, mas também mostra uma face de esperança, de mobilização e de engajamento da própria sociedade civil, que tem se fortalecido e criado a capacidade de reagir a esses processos".