Michael Jackson, Lionel Richie e outros grandes nomes da música norte-americana chamaram a atenção do mundo em 1985, ao cantarem juntos "We Are The World". A canção criada com o objetivo de arrecadar fundos para o combate à fome na África foi transmitida pela televisão e mexeu com um garoto de Campo Grande (MS) que acompanhava atentamente a melodia.
We are the world (Nós somos o mundo)
We are the children (Nós somos as crianças)
We are the ones who make a brighter day (Nós somos aqueles que deixam o dia mais brilhante)
So let's start giving (Então vamos começar a doar)"
Wagner Moura tinha apenas 12 anos quando foi impactado pelas palavras. Começava ali um profundo desejo de ajudar. Vinte anos depois, o jovem com nome de ator famoso embarcaria para a sua primeira viagem a Moçambique, um dos países com o menor IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do mundo, com o intuito de colocar em prática a mensagem da canção de Michael Jackson.
Ao ver o enorme número de crianças órfãs por conta da epidemia de HIV e malária, ele voltou ao Brasil e começou a mobilizar amigos, familiares e conhecidos para "apadrinharem" crianças africanas. Com R$ 50 por mês de cada doador alcançado, ele conseguiu iniciar um trabalho de ajuda humanitária com 70 crianças.
Hoje, dez anos após a fundação da ONG Fraternidade sem Fronteiras (FSF), criada em novembro de 2009, 15 mil pessoas são acolhidas em seis países - Brasil, Haiti, Madagascar, Malawi, Moçambique e Senegal - e aproximadamente 20 mil padrinhos doam mensalmente para auxiliar os projetos da instituição.
No início de uma das ações, impressionado pelo fato de as crianças nunca tomarem banho, Wagner, 46, comprou um caminhão pipa e proporcionou esse momento, quando elas receberam também cuidados básicos de higiene, como remoção de piolhos e bichos-de-pé. "Eu me senti sujo e questionei a nossa humanidade."