O radinho arrocha a sofrência dançante da banda Aviões do Forró, convidando todo mundo a arrastar as cadeiras e mesas da casa naquele canto do Sertão do Seridó. De repente, a programação da estação Princesa da Serra é interrompida para uma aula de matemática. É hora de lápis na mão e livro na mesa porque a pandemia mostra novamente a potência de um meio de comunicação que se fortalece e se reinventa a cada crise.
Estamos na zona rural de Serra Negra do Norte, divisa do Rio Grando no Norte com a Paraíba, e Salésia da Silva coloca suas crianças diante do aparelho para escutar o programa "Educa Quarentena", que de segunda a sexta às 15h traz lições das mais variadas matérias, com uma hora de duração. Pode ser biologia, inglês ou história.
"O rádio andava abandonado. Ligava ele uma vez por mês e olhe lá. Agora, virou nossa diversão diária. Até eu tô aprendendo muito. Soube de onde vem a palavra delivery e a diferença de dígito pra número. Minha vizinha que largou os estudos quando engravidou também não perde o programa", se entusiasma Salésia.
Com as escolas fechadas e o acesso digital longe de ser uma realidade para boa parte da população, o rádio está se transformando no meio mais acessível de espalhar conhecimento e estimular o aprendizado durante o período de isolamento.
De norte a sul do país, prefeituras e Estados estão colocando no ar parte do currículo escolar para que os estudantes não percam o ano letivo. Do Acre ao Rio Grande do Norte ou do Maranhão ao Rio Grande do Sul, não faltam exemplos.