Em 2015, com 32 anos, Christina decidiu contratar um detetive para encontrar sua família no Brasil. Algum tempo depois, ele conseguiu localizar a mãe, duas tias e alguns primos. Animada e um pouco assustada, ela embarcou naquele mesmo ano para o país natal junto com uma amiga brasileira que lhe ajudaria como intérprete.
Ela revisitou a comunidade e o orfanato em que viveu em São Paulo e seguiu para Belo Horizonte, onde sua família estava morando. Naquela ocasião, as tias lhe contaram que Petronilia lutava contra diabetes e doenças psiquiátricas - que já existiam quando Christina nasceu.
"Fico impressionada com ela, pois, apesar da doença, pôde me dar amor, educação, carinho e um grande sentimento de lealdade. Sei que todos esses sentimentos salvaram a minha vida muitas vezes", escreveria mais tarde no livro.
Ao voltar para a Suécia, Christina entendeu que precisava fazer mudanças em sua vida: queria ajudar outras pessoas. Passou a dar palestras contando sua história, escreveu o livro e criou uma fundação, a Coelho Growth, para ajudar crianças e jovens em situação de vulnerabilidade no Brasil. O orfanato onde morou foi uma das primeiras instituições a serem beneficiadas.
"Para fazer uma mudança, é preciso falar sobre o problema, não fingir que ele não está lá. Eu falo, mas tento trazer diferentes tipos de soluções também. Como tive dois tipos muito diferentes de vida, sinto que tenho outra perspectiva e faço o que posso para educar e ajudar", diz.
A fundação recebe doações de empresas e pessoas físicas, além de parte do lucro com a venda do livro de Christina. O dinheiro é usado em ações educativas e de combate à fome em orfanatos, comunidades e outras instituições em São Paulo, Diamantina e outras cidades. O trabalho da fundação também envolve jovens na Suécia, ajudando a combater a xenofobia.