Desde o final dos anos 1960, em São Paulo, milhares de pessoas bem arrumadas se reuniam nos 60 mil m² de um clube de campo localizado no Grajaú. As lendárias festas do chope contavam com atrações musicais do calibre de Jorge Ben — que chegou a uma dessas festas em um Escort conversível e fez um dos maiores e mais memoráveis shows da história do "Ari", como o clube é apelidado pelos sócios.
Mais de 50 anos depois, Martha Braga, 70, ainda se lembra da primeira vez que foi a uma festa do Aristocrata Clube, fundado pela elite negra paulistana que era impedida de se associar aos tradicionais clubes da cidade. Com seus 17 anos, ela foi convidada por uma amiga de escola e sua família, sócios do clube paulistano.
"[Ir ao clube] me marcou muito. Foi impactante para mim naquele momento ver tantos negros ali reunidos, confraternizando. Pensei 'nossa, é aqui que quero frequentar!'", lembra. Através do Aristocrata, Martha passou a ter uma visão diferente sobre sua identidade e a "consciência de fazer parte de um ambiente genuinamente negro".
A impressão que o clube causou na jovem foi tão forte que sua vida permanece ligada a ele até hoje: Martha é a atual presidente do Aristocrata, tendo colaborado com suas atividades desde os anos 1980.