Ele pode ser verde, colorido, ter duas cabeças, cara de mau ou de bonachão: o fato é que o coronavírus está presente com força no imaginário das crianças, e agora aparece frequentemente nos desenhos delas no lugar dos monstros debaixo da cama.
Feito a imagem de uma figura mítica que se fixa estereotipada na cabeça das pessoas, porque sempre se parecem na mentalidade popular, como o E.T. de Varginha ou o Bicho Papão, o coronavírus das crianças que ouvimos para essa reportagem são bolotas com espetos saindo de sua circunferência. Alguns sorriem irônicos, e outros ameaçam um "vou te pegar!", como na criação do Joaquim, paulistano de 7 anos.
Será que esses desenhos nos ajudam a compreender a pergunta valiosa que se fazem os pedagogos e psicólogos? O que as crianças estão achando da pandemia? Será que estão tão angustiadas quanto nós, adultos?
Entrevistamos treze crianças brasileiras com idades entre 2 e 11 anos, de diversas regiões do país e diferentes contextos sociais, para saber como elas enxergam a nova realidade. Se nem todas vivem a quarentena do mesmo jeito, há pelo menos um denominador comum: estão longe da escola. Perceber e acolher as dores das crianças é papel dos adultos, e muitas vezes sinônimo de lembrar que elas são seres em formação que nem sempre sabem comunicar como e por que sofrem.