Ainda falta muito?

O coronavírus e a infância: o que as crianças compreendem daquilo que ninguém entendeu ainda

Mayara Penina e Renata Penzani Colaboração para Ecoa, em São Paulo Arte: Júlio Cocoricó

Ele pode ser verde, colorido, ter duas cabeças, cara de mau ou de bonachão: o fato é que o coronavírus está presente com força no imaginário das crianças, e agora aparece frequentemente nos desenhos delas no lugar dos monstros debaixo da cama.

Feito a imagem de uma figura mítica que se fixa estereotipada na cabeça das pessoas, porque sempre se parecem na mentalidade popular, como o E.T. de Varginha ou o Bicho Papão, o coronavírus das crianças que ouvimos para essa reportagem são bolotas com espetos saindo de sua circunferência. Alguns sorriem irônicos, e outros ameaçam um "vou te pegar!", como na criação do Joaquim, paulistano de 7 anos.

Será que esses desenhos nos ajudam a compreender a pergunta valiosa que se fazem os pedagogos e psicólogos? O que as crianças estão achando da pandemia? Será que estão tão angustiadas quanto nós, adultos?

Entrevistamos treze crianças brasileiras com idades entre 2 e 11 anos, de diversas regiões do país e diferentes contextos sociais, para saber como elas enxergam a nova realidade. Se nem todas vivem a quarentena do mesmo jeito, há pelo menos um denominador comum: estão longe da escola. Perceber e acolher as dores das crianças é papel dos adultos, e muitas vezes sinônimo de lembrar que elas são seres em formação que nem sempre sabem comunicar como e por que sofrem.

Arquivo Pessoal

Beto e Marcelino, os gatos

A Juju (foto) mora em São Paulo, tem 7 anos e queria que essa "turbulência" passasse. Ela se desenhou olhando a rua, atrás do portão. Da mesma idade e com o mesmo nome, Júlia conta que conversa com seus gatos Beto e Marcelino na quarentena. "Qual foi o último dia em que você se sentiu feliz?", perguntamos para ela. "Ontem. Assistindo 'Carrossel' e arrumando a casa, o que é muito legal. Ah, e também batendo na bunda do papai." Ela acha chato falar sobre sentimentos, mas mesmo assim divide com a gente alguns pensamentos ruins que vêm à sua cabeça. "Eu não posso sair de casa. É tipo uma cadeia, mas uma cadeia legal, com um monte de coisas legais."

Seja como for, como disse a Alice, 5, de Brasília, o coronavírus ideal mesmo seria aquele que não tem mais poder de "fazer gripe nas pessoas". No seu desenho, ela narra o vírus mergulhando em uma fonte de desejos e ficando bonzinho. E, se depender dela, a pandemia terá um desfecho, mas a má notícia é que ele ainda não está próximo: "faltam 1000 dias pro coronavírus ir embora", diz.

Educação afetiva

Se educar uma criança nunca foi sinônimo de dar a ela respostas sobre todas as coisas, agora, enquanto vivemos a maior crise sanitária global do século, a impossibilidade de se ter certezas se intensificou. Não sabemos quando poderemos ver a família, os amigos, o parque do bairro, o próprio bairro. E são justamente essas as perguntas não só das crianças, mas também dos adultos.

Com as aulas interrompidas e a ausência da escola como primeiro espaço de socialização e aprendizagem, as referências de conduta das crianças não estão mais nos educadores e nos colegas, mas concentradas nas famílias que vivem com elas sob o mesmo teto.

Para Regina Lopes, a transparência sobre a crise é o primeiro passo. "Dizer que está tudo bem não é a realidade, e falar sobre o que está lhe incomodando alivia as tensões", explica. "É muito importante conversar com as crianças sobre o momento atual de uma forma que elas possam compreender, conforme a idade de cada uma. Quando elas mostrarem seus sentimentos é fundamental a conversa", diz Regina.

Arquivo Pessoal

Boneco com coração

"É um corpo que tem dentro o coronavírus. O corona dentro do corpo está feliz, é o boneco verde com coração. E do lado de fora é a pessoa triste que está doente e não usou máscara", conta a mãe do pequeno Ifé, a jornalista e empreendedora Lorena Ifé. "Eu estou triste porque eu não posso mais ir pra escola, pro shopping. E eu estou triste porque eu não posso mais ir pra Cachoeira (BA), ver meu vô e minha vó", diz ele. "Vou fazer um desenho agorinha!", avisa.

Ifé, 4 anos (Salvador, BA)

Arquivo Pessoal

Ver os amigos de novo

"Quando eu não tô estudando, eu brinco", diz a menina, que é filha de uma professora de biologia e tem a sorte de receber da família muitas informações de como se proteger. Entre uma brincadeira e outra, ela conta que lava as mãos e toma vitamina C. "Estamos nos cuidando e respeitando todas as regras da OMS (Organização Mundial de Saúde)." Se ela sente medo, nós perguntamos. "Sinto um pouco de preocupação de quando tudo isso vai acabar. Eu quero ver meus amigos de novo, voltar a estudar. Então, eu fico preocupada, mas também fico achando que tudo vai passar logo." E com os amigos, o assunto também é o coronavírus? "Não, a gente fala mais sobre brincadeiras pra se distrair", conta.

Eloah, 11 anos (Gandu, BA)

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Muita TV

"Quem lê tanta notícia?" O verso do cantor Caetano Veloso parece traduzir o que o pequeno Leo quis transmitir em seu desenho de como vê a sua casa neste momento. "O desenho mostra a hora em que os adultos veem TV. Ele não gosta, e se questiona por que os adultos veem tanta notícia sobre o coronavírus", conta a mãe, Cinthia Rodrigues.

Leo, 7 anos (São Paulo, SP)

Desenhando os sentimentos

Em abril, quando a pandemia atingia o seu pico na Europa, uma notícia tomou conta das manchetes: as crianças que desenharam arco-íris e penduraram em suas janelas, como uma espécie de bandeira branca. Uma atitude que faz parte da coleção de gestos de esperança e conforto que vemos se multiplicar pelo mundo. Para esta matéria, as crianças desenharam suas saudades, seus medos, e o que veem da janela de dentro de suas cabeças ocupadas em entender o que se passa.

Se nós, adultos, frequentemente sentimos que a quarentena nos colocou diante daquilo que genuinamente somos, longe dos papéis que precisamos desempenhar no âmbito social, com as crianças não é diferente. De acordo com as psicólogas Ana Carolina Del Nero e Regina Lopes, manter-se são nesse novo contexto depende de uma tríade de fatores que vale para todos, e não só para as crianças: convívio (online) com família e amigos, exercícios físicos e entretenimento.

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Rato Pandinha

Madi está com saudade dos amigos Mauro e Betina, e também do hamster Nino, que partiu recentemente. Mas, ao lado do novo amigo, o rato Pandinha, ela pede que o coronavírus desapareça, e antecipa a vitória pela qual o mundo todo espera: "Ele vai perder e vai chorar! E aí todo mundo vai chamar ele de choronavírus", brinca. Em seu desenho, ela inventou uma seringa e uma série de vacinas diferentes — segundo ela, são testes.

Madi, 7 anos (São Paulo, SP)

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Tipo sabonete

"Eu vou te pegar!", indica o balão de fala. Então, repare bem: se o coronavírus está rindo neste desenho, é só porque ele está prestes a infectar alguém, e não porque é bonzinho. É o que explica o seu criador, lá de sua casa no Butantã, zona oeste de São Paulo, enquanto bola um plano eficientíssimo para higienizar todo mundo. "E se a gente passasse álcool gel no corpo todo, tipo sabonete?"

Joaquim, 7 anos (São Paulo, SP)

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1000 dias

A pequena Alice desenhou uma máquina que transforma o coronavírus em um vírus "do bem" para ele não "fazer mais gripe nas pessoas". No outro desenho, ela conta que ilustrou uma amiga que foi contaminada e recebeu uma visita no hospital (ao lado). "Tô com saudade do Dedé", ela diz. "Vamos torcer pra ser logo", respondemos na hora de se despedir. Sem pestanejar, ela brinca de prever o futuro: "Faltam 1000 dias para o coronavírus ir embora", e pede: "Não saia de casa. Já que eu não sei escrever isso, eu vou desenhar."

Alice, 5 anos (Brasília, DF)

Observar e fortalecer

Conversamos com a psicóloga Ana Carolina Del Nero que falou sobre como lidar com os filhos no momento

Em termos de desenvolvimento emocional, as crianças podem ter prejuízos em função do isolamento social?

O que nós estamos vivendo hoje é uma crise, então sim, pode haver prejuízos no desenvolvimento emocional da criança, não apenas em função do isolamento social, mas também das outras "crises dentro da crise": da saúde, do medo, e até a financeira. Mesmo que não atinjam diretamente a criança, vão inevitavelmente atingir seus cuidadores, que poderão reagir diante desta situação de diversas formas, dependendo do quanto se sentem capazes ou não de lidar com as ameaças: preocupação, estresse, desamparo. As crianças são muito perceptivas e tendem a se valer das emoções de seus cuidadores como "termômetro" para avaliar o grau de ameaça de determinada situação, e também tendem a espelhar os mecanismos de manejo que observam em seus cuidadores.

Então, acho válido que os pais se observem e se fortaleçam, para poder transmitir para a criança tanto a preocupação necessária diante da pandemia (para que ela não se coloque em risco e entenda a necessidade do isolamento social), quanto o reasseguramento de que ela está sendo cuidada (novamente ressaltando a importância do isolamento social) e também, se possível, aproveitar o momento de crise não apenas para impedir o prejuízo emocional, mas também para fomentá-lo, construindo novos recursos psíquicos.

Para conseguir fazer isso com a criança, é preciso que o adulto faça isso consigo mesmo. Ou seja, a melhor forma de cuidar da criança é cuidando primeiramente de si mesmo.

Divulgação

Durante o isolamento, as crianças também estão mais propensas a se expressarem de forma natural?

Ana Carolina Del Nero: Apesar de as crianças ainda serem mais espontâneas, mais genuínas que os adultos de forma geral, vivemos numa sociedade em que performances são cada vez mais cobradas das crianças — e as expectativas em relação a elas, mais rígidas. Então é possível que ela se permita "afrouxar" essa personagem, especialmente se os pais ou cuidadores também estiverem se permitindo agir de forma mais espontânea e autêntica.

As crianças aprendem por modelo e tendem a espelhar o comportamento de seus cuidadores. Ou seja, se eles estiverem mais disponíveis, mais abertos a conversar sobre emoções, a desacelerar, a brincar com os filhos mais demoradamente, a tendência é que a criança replique este comportamento.

Porém, não podemos nos esquecer que os pais também costumam ser as principais figuras de cobrança e exigência, o que significa que o convívio ininterrupto pode, ao contrário, intensificar a performance da criança de que está tudo bem, de que ela não pode demonstrar seus sentimentos (por acreditar que não será acolhida), ou até de se sentir no dever de cuidar de quem deveria cuidar dela.

Os desenhos, as brincadeiras, a fala, o choro, até mesmo o silêncio e a introspecção: como identificar nas expressões das crianças sinais de sofrimento?

Ana Carolina Del Nero: Cada criança é única, e cada uma vai ter o seu jeito individual de lidar e de manifestar seu sofrimento. Antes de mais nada, é importante que os pais estejam atentos a sinais já conhecidos de que algo não está bem, baseados no comportamento prévio da criança. Qualquer mudança já é um sinal de alerta: aumento ou diminuição de apetite e sono, dificuldade de concentração.

Porém, estamos numa situação totalmente atípica, e os pais ou cuidadores estão mais ansiosos de forma geral, então é possível que algumas crianças se retraiam e escondam sua própria angústia. Por isso, é essencial que os pais saibam que essa situação também é muito dolorosa para as crianças, que elas provavelmente estão sofrendo, sem saber como lidar com um sofrimento tão grande e novo, e que deem espaço e abertura para que essas emoções apareçam e possam ser elaboradas, seja por meio de brincadeiras, de desenhos, de conversas, de contato físico (se possível). Para isso, não há nada melhor do que fazer perguntas, se envolver com as brincadeiras, estar junto.

A melhor solução costuma ser aquela que é co-construída. Assim, vai sendo criada uma nova rotina, mais adequada ao período do isolamento social.

É frequente que os adultos confundam escutar as crianças como sinônimo de fazer todas as suas vontades. Como incentivar essas formas de expressão de um jeito saudável?

Ana Carolina Del Nero: É preciso encontrar um equilíbrio. A criança, assim como todos nós, teve muitas perdas com a pandemia e o isolamento, então fazer algumas vontades, permitir algumas compensações não é necessariamente negativo, e pode inclusive ser um momento compartilhado de prazer — por exemplo, ver um filme, tomar um sorvete. Temos de lembrar também que neste momento os adultos estão sobrecarregados não só de tarefas, mas emocionalmente, e controlar as crianças como era feito pré-pandemia (em termos de alimentação, tempo diante das telas, etc) talvez não seja possível e se torne mais uma fonte de cobrança e angústia. Ou seja, talvez uma maior liberdade neste sentido seja saudável neste período.

Porém, novamente, é necessário equilíbrio. Se possível, é interessante que esse ajuste seja conversado entre pais e filhos, abrindo espaço para a expressão das emoções e o estreitamento do vínculo. Uma das perdas mais difíceis para todos, inclusive as crianças, é a da rotina, então cair na permissividade é tirar da criança qualquer previsibilidade e sensação de controle sobre seu ambiente, podendo provocar insegurança e aumentar o sofrimento.

Arquivo Pessoal

Fim da turbulência

"Acho que a maioria das pessoas está pensando que o mundo vai acabar, só que isso não vai ser de verdade... né?", pergunta Juju, como gosta de ser chamada pela família e pelos amigos. Perguntamos a ela se tem tido pesadelos. "Às vezes eu penso que minha cama vai dormir em cima de mim, e também penso que muita gente aqui no nosso país vai morrer, e só vai sobrar a gente", conta. "Se você pudesse fazer um pedido agora, qual seria?", pergunta a sua mãe, Neyla Simas. "Que toda essa turbulência do coronavírus fosse embora e as pessoas se curassem", responde Juju.

Julia (Juju), 7 anos (São Paulo, SP)

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Correr na calçada

O desenho da Maggie, como ela é chamada pela mãe, parece conter o sentimento de todos nós. Estamos dentro de casa, sonhando com a vida lá fora. "Desenhei eu olhando pro portão da garagem, porque eu sinto falta de liberdade pra poder sair correndo na calçada", compartilha. Enquanto isso não é possível, o lado de cá do portão garante tudo o que ela precisa: segurança, carinho e brincadeiras.

Magnólia, 7 anos (São Paulo, SP)

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Sentimento 'bugou'

O Caíque tem sonhado com frequência, e nos seus sonhos ele está sempre no parque, no shopping, se divertindo fora de casa. "Então o seu sonho é estar fora de casa?", pergunta a tia, Thainar Nascimento. Mesmo que seu maior medo seja de aranhas — que ele faz questão de nomear cientificamente, "eu tenho aracnofobia" — o coronavírus é a grande ameaça de todo dia. "Só sei que ninguém pode sair na rua." Quando perguntamos como ele está se sentindo agora, ele parece responder por todos nós: "Meu sentimento bugou. Não sei mais se eu sinto alegria, se tô triste. Mas acho que é por causa do coronavírus. Quando isso acabar, já vou estar bem melhor", diz.

Caíque, 11 anos (Taboão da Serra, SP)

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Saudade da rua

Bernardo compara a rotina do passado com a que vive agora. Antes da pandemia, os diálogos com a mãe incluam: "Vai brincar na rua". Hoje, a casa mudou de cor e a mãe responde "não" quando ele pergunta se pode sair. "Eu quis representar que as crianças precisam ficar mais dentro de casa porque agora está tendo o coronavírus", explicou.

Bernardo, 10 anos (Cachoeira, BA)

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Sem 'lá fora'

Com a sorte de quem vive no meio do mato, em um bairro da zona rural de Ubatuba, litoral norte de São Paulo, Yuna Paz saboreia duas maçãs enquanto conversa com a mãe e o pai sobre a situação atual do país. "Tem bicihinho", ela balbucia. "E não pode ir lá fora, né?", pergunta a mãe, a produtora cultural Vanessa Cancian. "Só dentro de casa", lembra a pequena, que ainda não aprendeu a desenhar , mas participa da reportagem representando os bebês do Brasil com sua sensatez: "lá fora não pode".

Yuna, 2 anos e 7 meses (Ubatuba, São Paulo)

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Que ela desapareça

"A terra tá morrendo", lamenta Luís Miguel, com voz chorosa. Mas, para ele, nem tudo é tão ruim. "A coisa boa é que a gente tem mais tempo com a família." Ele desenha a si mesmo junto a mãe e ao pai dentro de um coração, protegido do vírus que está na parte de fora. Apesar de triste e com medo, conta que quando tudo isso acabar, vai comemorar comendo hambúrguer. O que ele espera da pandemia, afinal? A reposta revela outro desejo compartilhado por todos: "Que ela desapareça!".

Luís Miguel, 6 anos (Votorantim, SP)

Para fazer as entrevistas com as crianças, a reportagem usou como mediador o livro "Terapia infantil: 50 perguntas para cuidar das crianças", de Regina Lopes e Roberta Nascimento. A publicação é uma espécie de baralho, com cartas contendo perguntas de fundo socioemocional, e guiou as conversas com os pequenos.

Já o desenho que ilustra a capa dessa matéria é de uma criança que fez parte da vida de muita gente: o Júlio, também conhecido como "Júlio na gaita e a bicharada no vocal". Ele foi uma das figuras mais famosas da televisão brasileira nos anos 90, no programa "Cocoricó", veiculado pela TV Cultura, e agora mantém um canal no YouTube. Enquanto passa a quarentena na fazenda onde mora, ele enviou este desenho, no qual retrata como é importante continuar dentro de casa.

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