Por quanto tempo você já ficou sem abraçar alguém?
Por telefone, a baiana Josane Silva Souza tem a resposta pronta: está há quase quatro semanas sem ter qualquer contato físico com outra pessoa. As informações que chegam dizem que ela pode acrescentar mais alguns meses nessa conta. Quem sabe, poderá abraçar alguém no final de abril ou junho. Tudo ainda é incerto. Em agosto e setembro pode ser, sim, que aconteça. Vai depender de quanto tempo de isolamento social será necessário para conseguir achatar a curva de contágio da Covid-19.
Logo Josane, que sempre valorizou muito o estar sozinha, agora sente falta do calor humano. De se comunicar sem precisar olhar para uma tela de celular. Isolada na casa em que mora, em Ilhéus (BA), assim como milhares de brasileiros têm feito desde o começo de março, ela não encontra os amigos, os familiares e nem vai trabalhar na Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), onde é professora de espanhol.
A quarentena significa uma mudança brusca na rotina de pessoas que, de forma geral, nunca precisaram passar tanto tempo presas dentro de casa. De repente, os abraços, beijos, a proximidade ao falar em uma conversa presencial se tornaram proibição médica. Até mesmo um simples aperto de mão, tão comum e corriqueiro, ganhou novo significado.
"Ainda tenho o privilégio de ter uma casa gostosa para ficar, então não pirei. Mas o coração aperta quando penso na minha mãe", comenta a professora.
Por ora, ficar em casa, como Josane está fazendo, é a melhor solução para conseguir frear a propagação da Covid-19. Em levantamento recente, o professor de física da Universidade de São Paulo (USP) José Fernando Diniz Chubaci observou que, após o dia 15 de março, houve uma redução na taxa de contaminação em São Paulo, graças a medidas adotadas por governo e população.
Ninguém pega a mão de ninguém. Ninguém vê ninguém. E as relações sociais se dão por meio da tecnologia. Mas e depois? Quem será a primeira pessoa que você vai querer abraçar quando isso tudo passar? Como você estará depois dessa?