"Lave a mão com água corrente e sabão por 20 segundos e não esqueça o álcool gel". Ok. Mas o que fazer quando acesso a banheiros ou saneamento básico não é uma realidade? A instrução para prevenção individual do contágio do coronavírus funciona para populações pobres ou em situação de vulnerabilidade?
Em situação de rua, Julio Barbosa, 64, sabe da pandemia, mas água é um item escasso na sua rotina nas calçadas do centro de São Paulo. Florisvaldo da Silva, 69, morador de um abrigo municipal de idosos, diz que o local não tem álcool gel e nenhum comunicado oficial foi passado para os usuários que só se informam pela TV presente no refeitório.
Até pouco tempo o vírus estava circulando no Brasil pela faixa da população que tem acesso às viagens internacionais, empresários, artistas, políticos e turistas em geral que "importaram" a doença. Os primeiros contágios locais já aconteceram. Ontem (13), foi confirmada transmissão comunitária em São Paulo e Rio de Janeiro. E quando atingir a população em geral?
"Toda vez que a gente tem uma crise, os mais pobres são os mais afetados. Seja porque eles moram em áreas de maior risco, seja porque eles têm menos condição de saúde, de alimentação, com menos capacidade imunológica, seja porque não têm o que comer, não têm acesso a serviços públicos que são fundamentais nesses momentos, seja porque têm pouco dinheiro para tratar", analisa Kátia Maia, diretora executiva da Oxfam Brasil, organização não governamental que trabalha no combate à desigualdade social.