As eleições presidenciais do próximo domingo (30) serão cruciais para definir o futuro não apenas do Brasil, mas de todo o planeta. É o que afirma Daiara Tukano, artista, educadora e comunicadora indígena. "Outro dia assisti a uma live da Sonia Guajajara [deputada federal eleita pelo PSOL-SP] com o linguista americano Noam Chomsky. Ele aponta que essas eleições são fundamentais não só para os brasileiros, mas para toda a humanidade porque vai definir o futuro da Amazônia. Se elegermos um governo que ameaça um dos últimos biomas que sustentam o ecossistema do planeta, todos os seres vivos serão afetados", alerta a ativista, referindo-se à possibilidade da reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL).
Daiara é a curadora da exposição "Nhe'Porã: Memória e Transformação", em cartaz no Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo. A mostra propõe um mergulho na diversidade das línguas faladas pelos povos indígenas no Brasil e aponta que sua importância vai além da riqueza de léxicos e fonemas. "Estamos falando não apenas de línguas, mas de uma visão de mundo que faz com que os povos originários sejam apenas 5% da população mundial, mas preservem 80% da biodiversidade do planeta", destaca a artista do povo Tukano, da Amazônia.
Daiara, 40, é uma das expoentes de um grupo de artistas, pensadores e curadores indígenas que têm conquistado visibilidade em museus, universidades, palcos e galerias de grandes metrópoles brasileiras, como São Paulo e Rio de Janeiro. "Essa visibilidade não veio de graça, é resultado de um esforço coletivo dos indígenas de provocar, dialogar e articular com esses espaços reclamando o devido lugar de representação", afirma a curadora e artista. "Tivemos que invadir a Bienal de Arte de São Paulo e pressionar as instituições para que pudéssemos ser ouvidos", concorda Denilson Baniwa, curador da exposição "Ygapó: Terra Firme", em cartaz no Museu das Culturas Indígenas, na capital paulista.