Ao acordar, no lugar dos cremes para pele ou de um café da manhã requintado, o ritual de Pabllo Vittar, dona de hits como "Bandida" e "Corpo Sensual", é quase monástico. Sua rotina matinal consiste em pensar "em coisas boas" e "desejar meu famoso bom dia aos meus fãs". Nas falas da cantora, que coleciona mais de 1 bilhão de reproduções no Spotify, a preocupação com os fãs se repete em harmonia com o discurso coletivista de que "tem toda uma comunidade comigo, tenho minhas amigas cantoras, artistas, ativistas."
Uma das figuras mais potentes da atual música pop, Pabllo atrai olhares e causa transformações. Borboleteia metamorfoses, seja na forma como a arte que alcança multidões passa a ser vista e (re)conhecida a partir de suas performances e criações, seja na maneira com que transita nos palcos e telas do mundo, apresentando uma imagem de liberdade e de inovação quanto à performatividade de gênero e à resistência.
Aos 27 anos, a fã de animes Pabllo define-se como "homem gay que também é uma drag queen e se veste, se comporta e se inspira no que ama" e reconhece a forte influência cultural dos lugares em que viveu no decorrer da infância e da adolescência - passando por cidades do interior do Maranhão e do interior do Pará; além de Indaiatuba, em São Paulo, e Uberlândia, em Minhas Gerais.
Drag queen mais popular do Instagram, onde tem 11,2 milhões de seguidores, quase o triplo do que sua ídolo internacional RuPaul, Pabllo falou com Ecoa sobre aceitação e preconceitos, sem esquivar-se de perguntas sobre política e o atual presidente Bolsonaro, famoso mundialmente por suas declarações homofóbicas.
Diante da luta e do preconceito, Pabllo segue otimista: "Precisamos ver mais o lado bom de tudo, a felicidade das pequenas coisas."