Quem caminha pela primeira vez pelo mato de Anchieta, cidade no interior do Espírito Santo, pode se surpreender com o prédio grande, azul e antigo que surge em meio ao verde. A construção está ali desde os anos 1930 e há 52 anos se transformou em uma instituição de ensino voltada para educação no campo. Recebeu nome e sobrenome de Escola Família Agrícola (EFA) Olivânia, de apelido Efa-O. Não é a única do tipo no Brasil, mas foi a primeira.
Atualmente, as escolas agrícolas estão em 22 estados do país, sendo a maior parte no nordeste. Espelhadas em um modelo europeu de ensino e fruto de um combinado de luta de movimentos sociais e ações de missionários católicos, elas chegaram como uma resposta ao aumento do êxodo rural e ao crescente empobrecimento das famílias capixabas na década de 1960.
"Muitas pessoas nem sabem que as Efas existem, né? E é completamente diferente de qualquer outra escola. Você aprende tanta coisa, não só a teoria, aprende o que é ser cidadão. Sem contar que você acaba convivendo com pessoas completamente diferentes de você, consegue construir laços com essas pessoas e os professores. Não tem essa hierarquia que as outras escolas têm, do professor estar acima do aluno. Ali, a gente é uma grande família," conta a estudante da Efa-O Ana Carolina Rocha, 19.
A utilização da pedagogia da alternância — em que alunos passam uma semana estudando em casa e outra na escola — a aproximação entre família, comunidade e professores, a aplicação na prática dos saberes aprendidos para auxiliar a agricultura familiar local são alguns dos pontos principais de uma Escola Família Agrícola, que vem contribuindo para transformar o meio rural do Brasil, focando principalmente no fortalecimento da autoestima e da identidade da juventude rural.