Maria do Carmo e Marlene acordam cedo para cultivar o que, para elas, é muito mais do que alimento: é poder econômico, inclusão, respeito ao meio ambiente e... amor. As duas são produtoras de orgânicos no estado de São Paulo - uma em Santo Antônio de Posse, no interior paulista, e a outra na capital, na região de Parelheiros, zona sul da cidade.
Em comum, as mulheres não têm apenas a agricultura, mas também uma mudança drástica no modo de vida. Em pequena escala, elas descobriram que não só é possível aliar a lavoura à preservação do meio ambiente, mas também é o único caminho para que filhos e netos continuem na profissão que mantém suas famílias.
E em larga escala, é possível um desenvolvimento sustentável, ou seja, com combate à concentração de renda, considerando a natureza como parte do sistema econômico e com garantia de direitos sociais e humanos?
A cultura de exploração da rica biodiversidade do Brasil sem cuidados para sua preservação nos levou a consumir desenfreadamente, gerar cada vez mais lixo e basear toda nossa indústria (do arroz e feijão ao combustível do ônibus) em um sistema insustentável de emissão dos gases do efeito estufa, intensificando as mudanças climáticas.
O efeito disso é um grande estrago não só em qualidade de vida, mas na economia: só as chuvas intensas do Sudeste nos primeiros meses do ano provocaram um prejuízo de R$ 203 milhões ao comércio da região, segundo levantamento da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo). Eventos causados pelo aquecimento global ficarão cada vez mais recorrentes, causando impactos negativos para todos, e principalmente para as nações mais pobres.
Porém, há caminhos, como o escolhido por Maria do Carmo e Marlene, que podem ser replicados em maior dimensão.