Contra estereotipos

Gabi Oliveira produz conteúdo para humanizar mulheres negras na internet e quebrar expectativas

Paula Rodrigues De Ecoa, em São Paulo Reprodução/Instagram

Em 2015, enquanto gravava vídeos para o Youtube no quarto, a mãe de Gabriela pedia para que as visitas fizessem silêncio na sala para não atrapalhar a filha que estava trabalhando. Não tinha publicado nenhum ainda, mas tinha o apoio incondicional da família. Apesar de nunca se imaginar como Youtuber, naquele ano passou a falar para uma câmera e compartilhar o resultado na internet.

Decidiu começar, um pouco, por ter perdido o emprego e, muito, por acreditar que tudo que estava aprendendo na faculdade, especialmente sobre raça e cultura negra, deveria alcançar mais pessoas.

Nascida em Niterói (RJ), Gabriela Oliveira, 28, ficou conhecida como Gabi de Pretas. Estudava Relações Públicas na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) quando começou a pesquisar sobre como a estética da mulher negra era representada nas redes sociais. Achou uma lacuna: com a força e representatividade na mídia que o movimento feminista ganhou nos anos 2010, percebeu, primeiro, a quantidade de blogs sobre a temática e, segundo, a quantidade de meninas e mulheres que estavam no Youtube, mas não encontrou nenhum canal de vídeos apresentados por mulheres negras retintas como ela.

Assim, criou o canal "De Pretas", hoje com mais de 270 vídeos publicados. No mais popular deles, compartilha com pessoas desconhecidas todas as inseguranças em relação ao próprio rosto. Gabi aparece sem maquiagem, com a cara praticamente colada na câmera, contando momentos da vida extremamente pessoais e dolorosos em relação à própria aparência. Não só no canal, mas também no podcast Afetos que conduz com a comunicadora Karina Vieira, a exposição de medos, angústias, inseguranças e dúvidas é recorrente em seu conteúdo. Assim como os "reviews" de maquiagem, as parcerias com marcas de beleza, as séries que assiste.

"E eu acho que esse entendimento é muito importante para a naturalização da nossa existência. Ninguém é só ativista. Quando a gente pensa na construção desses ícones negros, muitas vezes vai para o caminho da desumanização, de não querer ver a pessoa como pessoa. Você não quer ver aquela pessoa como ela é: como alguém que tem medos, que tem seus problemas, que erra, que tem seus gostos", diz.

Em conversa com Ecoa, Gabi compartilha os cuidados que toma ao se associar a marcas, ao contar detalhes íntimos de sua vida com o público, sobre a vontade de quebrar estereótipos e a escolha por uma maternidade solo.

Ecoa - Recentemente você falou sobre como gosta de desmistificar o conceito que muitos têm de que as redes sociais são plataformas democráticas. Por que acredita nisso?

Gabi de Pretas - Acho que a primeira coisa que temos que pensar é na quantidade de gente no Brasil sem acesso amplo à internet. Eu acho que a internet é um espaço mais democrático do que outros, obviamente. Mas ser mais democrático não significa que ela é democrática, que ela é para todo mundo, que qualquer um pode produzir, que qualquer um pode tornar o trabalho sustentável na internet. Quando sai a lista dos maiores Youtubers do Brasil, por exemplo, quase não tem pessoas negras. E aí ao mesmo tempo as pessoas falam que no Youtube qualquer um pode criar, quem não criou foi porque não quis.

Só que quando a gente olha para nossa sociedade, primeiro que a gente é treinado a consumir conteúdo produzido por pessoas brancas, e pessoas negras estão em um lugar de adaptação. A gente se adapta.

Nunca vou esquecer que lá em 2016 um rapaz me contou que tinha iniciado um canal de jogo, de games, sendo que ele não aparecia, era só a tela gravada enquanto ele jogava. Um dia ele apareceu na live, e as pessoas viram que ele é negro. Naquele dia, ele recebeu tanto xingamento que fez com que nunca mais tivesse coragem de aparecer no canal. Aí algumas pessoas ainda falavam para ele que tinha faltado perseverança da parte dele, que isso é coisa da Internet, que tem que saber lidar com esses "haters", sabe?

Quando eu entrei no Youtube, morava na casa da minha mãe, não estava desesperada com o que eu ia comer, não estava desesperada pensando em como eu ia pagar a luz... Isso fez com que eu pudesse tornar esse trabalho sustentável em algum momento. Eu produzi um ano e meio sem receber nada, fazia bico nos finais de semana.

Foi uma junção de coisas que fez com que meu canal conseguisse se tornar um canal sustentável, mas eu sei que essa não é a realidade para todo mundo. Por isso, não posso falar que é um espaço democrático.

É complicado achar esse meio do caminho também, de não ser totalmente uma meritocracia que diz: "ah, vai, luta! É só trabalhar que você consegue!", só que às vezes a gente está correndo tanto desse lugar, e com razão, que a gente passa a tirar todo crédito do nosso esforço. E a gente precisa encontrar um meio do caminho. Eu tive oportunidades, meus pais trabalhavam para me dar suporte, tive coisas favoráveis para que continuasse meu trabalho, mas também me esforcei.

Gabi Oliveira

Como você começou a produzir conteúdo? De onde surgiu essa ideia e por quê teve vontade de entrar nesse mundo?

A ideia em si surgiu com o desemprego. Mas eu já tinha uma ideia do que queria fazer com o canal antes de iniciar: era falar sobre raça. Como eu tinha feito Comunicação na faculdade e tinha uma noção melhor de como estruturar as coisas, eu desenhei as linhas editoriais deste canal. Na universidade, pesquisei sobre o papel das redes sociais na valorização da estética da mulher negra.

Sempre fui uma pessoa antenada às questões sociais, mas ainda não entendia muito bem como o racismo estruturava nossa sociedade. Meus pais, por mais que falassem que eu poderia estar em todos os lugares, que precisava estudar, ter orgulho? Mesmo assim as palavras "raça" e "racismo nunca eram utilizadas. Era sempre algo como: "Ah, as pessoas podem te olhar de uma forma negativa, mas você precisa levantar a cabeça", esse tema sempre foi abordado de uma forma nebulosa dentro de casa.

Enquanto eu estava pesquisando, pensei em analisar blogs e canais de Youtube, então fiquei imersa naquele meio. Naquela época eu consegui identificar que nos canais existia um espaço aberto, principalmente se tratando de mulheres de cabelo crespo e pele escura. Tinham muitas meninas negras falando de cabelo cacheado, mas crespo não.

E o debate sobre raça estava ainda muito nos blogs, no Blogueiras Negras e no Géledes, por exemplo, que foram os meios que me fizeram entender que o olhar sobre estética e estética negra, principalmente, não está resumido só em mudar de cabelo. Quando eu pesquisava sobre transição capilar, aparecia algum texto do Blogueiras Negras e isso me levou a outros temas, a começar a ler mais autores negros.

A primeira que eu li, na verdade, foi "Tornar-se Negro", da Neusa Santos Souza, em que ela traz uma leitura sobre a pessoa negra em ascensão no Brasil e como ela se sente fora do lugar por isso. Foi por causa desse livro que comecei a entender que as questões que passei em relação à minha autoestima não eram resumidas a mim, não era só eu que era a feia da escola, entende? Não era uma questão individual, era estrutural.

Depois de terminar a faculdade, o trabalho em que eu estava durou só mais seis meses. Nisso, eu pensei: por que eu não tento passar as mensagens que aprendi no meio acadêmico, com que só tive contato porque estava na universidade, de forma natural e traduzida para o grande público? Porque essas discussões fizeram toda diferença na minha vida e estavam fazendo mudando também a vida da minha família. Sempre levei tudo que aprendia para a mesa da minha família, com minha mãe e minha tia, principalmente. Aí nós começamos a falar mais sobre essas questões. "Por que, como mulheres negras, a gente se autodeprecia tanto?", começou a ser um questionamento nosso.

E eu via que isso estava fazendo uma diferença na minhamicro comunidade. Por isso, pensei: por que não tentar ampliar essas conversas? Porque se você pensar que a maioria da população negra não vai acessar um espaço acadêmico, essas discussões precisam romper as barreiras da universidade e chegar para negros e negras de alguma forma.

Então, desde o início sabia que queria falar sobre estética porque, primeiro, sabia que serviria como isca pra muita gente chegar ao canal. Uma menina em 2015, provavelmente, não ia procurar sobre "racismo estrutural", mas ela poderia pesquisar "como finalizar o cabelo crespo."

Ainda funciona assim? Você continua usando a estética para conseguir levantar discussões sobre temas raciais ou acha que a aceitação do público já é maior quando você fala diretamente sobre racismo?

Hoje em dia sinto que posso produzir qualquer conteúdo que quiser porque acredito que o meu público já entendeu que eu sou uma pessoa múltipla que tem vários gostos, que fala sobre questões estruturais, mas que também ama falar sobre maquiagem. Amo falar sobre cabelo, amo cozinhar, amo falar sobre coisas da casa? E acho que esse entendimento é muito importante para a naturalização da nossa existência. Ninguém é só ativista. Quando a gente pensa na construção desses ícones negros, muitas vezes vai para o caminho da desumanização, de não querer ver a pessoa como pessoa. Você nunca quer ver aquela pessoa como ela é: como alguém que tem medos, que tem seus problemas, que erra, que tem seus gostos...

Inclusive, no seu podcast Afetos com a Karina Vieira, os temas abordados passam muito por essa humanização, não é? Vocês falam sobre sentimentos como insegurança, medo, amor, solidão... E você sempre coloca as suas experiências de vida na mesa. Como você tem encarado falar sobre essas vulnerabilidades na internet?

O Afetos é meu xodó. Pensando em lugares que eu gosto de habitar na Internet, o podcast é o que mais gosto. Não sei se é porque não mostramos o rosto e isso te deixa mais confortável... Quando pensamos em criar o Afetos, usamos uma linha que uso no meu canal também, que é: esse não é um conteúdo de certezas. Eu não tenho nenhum problema em falar "eu acho", em vez de "isso é assim".

Fui uma adolescente muito dura, firme com minhas certezas, eu era sempre 8 ou 80. E quando eu cheguei aos 20 isso mudou. Mudei totalmente minha visão de mundo e como eu enxergava as coisas. Depois disso, sinceramente me sinto muito confortável na posição de ser uma pessoa que muda de opinião.

E aí quando falo que não estou ali para te guiar, as pessoas se incomodam porque elas esperam que você dê dar a palavra final para elas tomarem uma decisão. Ser um guia. E eu não quero estar nesse lugar.

Quando eu olho para o conteúdo do meu canal eu não sinto vergonha de nada que eu fiz e eu não apagaria nada porque todo conteúdo que produzo tem como base a responsabilidade. Eu me preocupo com o que vou colocar no ar e o que vou falar para as pessoas. Mas ao mesmo tempo eu sei que meus valores não mudaram, continuo sendo uma pessoa pragmática, tenho minhas opiniões, às vezes elas se tornam mais amplas. Por isso, eu tenho essa sensação de não me arrepender de nada porque eu sempre me estabeleci neste lugar de: "estou mostrando minha visão para vocês, mas essa não é a única verdade. Só estou mostrando algumas opções de caminho e pensamento."

Reprodução/Instagram Reprodução/Instagram

Esse é um jeito de te mostrar mais humana para o público que muitas vezes acaba criando essa ideia de que certas pessoas são "ícones", como você falou?

Com certeza! A cada dia eu estou passando mais pelo processo de humanização pessoal. Quero me ver nesse lugar de pessoa que pode errar, que pode fazer um negócio que não dá certo. Me colocar nessa posição de humano que pode escolher fazer uma coisa só para se sentir bem é romper com a lógica da desumanização. O meu conteúdo fala sobre isso, porque é um processo que tenho vivido e muita gente tem vivido isso também, e assim a gente se conecta.

E dá para dizer, então, que você tem usado o seu espaço na internet e a produção de conteúdo para trazer essas novas narrativas especialmente sobre mulheres negras?

Totalmente. É natural, mas é uma escolha. Eu escolhi mostrar partes da minha vida que quebra as expectativas do outro sobre mim. Acho que a gente fala muito de estereótipos, e realmente uma das coisas que me fez entrar na internet foi esse combate contra eles. Mas também quero combater a expectativa do outro.

Parece que as mulheres negras mais especificamente não têm um lugar no meio termo, na normalidade, entende? Ou somos apagadas totalmente ou estamos naquele lugar da senhora que aparece no filme do nada para dar um conselho para a protagonista, mas a gente nada sabe da história dela. Hoje eu escolho expor vivências e imagens que quebram com estereótipos que foram construídos especialmente em cima de mulheres negras de pele escura. Mas também romper com a expectativa do outro de que não vou e não quero só ser chamada para falar sobre questão racial, porque eu não sou só isso.

Também não aceito ser colocada no lugar de alguém despolitizado, porque não sou isso. Eu sou politizada. Eu tenho minha voz e quero expor o que penso.

Existe um preço que você paga por expor tanta vivência na internet?

Costumo bater na tecla de que o que eu posto é um recorte da minha vida. Por mais que pareça que estou compartilhando tudo, eu não estou. Eu e a Karina, antes de começar a gravar um episódio do podcast, a gente discute em quais pontos queremos tocar, quais histórias queremos falar sobre. É um recorte, entende? Por mais que nós estejamos compartilhando sobre vivências, tem coisas que a gente não vai expor. Eu sinto que falta essa noção para o grande público, essa noção de que eles não conhecem tudo sobre nós.

Tenho uma linha do que quero mostrar, e ela é muito bem definida. Mas isso é uma coisa que me preocupa na Internet. Eu acho que todo mundo sabe que as pessoas gostam de polêmica, de briga, gostam de acompanhar relacionamentos... Só que todos os produtores conteúdos deveriam parar e pensar no que querem colocar no ar, e não só serem guiados pelo que funciona e dá engajamento nas redes.

Quando você é um produtor de conteúdo profissional, parte da sua vida passa a ser seu conteúdo. Você vira um produto. Foi difícil para mim aceitar isso, mas a verdade é que a Gabi Oliveira é um produto, e a minha vida é parte desse conteúdo. Agora, preciso pensar em qual embalagem esse produto vai ter, e essa embalagem não precisa mostrar tudo que a Gabriela Oliveira é.

Gabi Oliveira

Inclusive, você anunciou uma parceria com a Seda e agora tem sua própria linha de produtos para cabelos crespos. Como veio esse convite?

Começamos a conversar em dezembro de 2018, faz tempo. Para nascer um produto, não! E eu gosto de falar das datas porque tem gente que acha que só lançamos por causa do movimento do Black Lives Matter, mas não. Esse produto já foi testado e retestado várias vezes. Era para ter sido lançado em novembro de 2019, adiamos porque ainda não estava do jeito que eu queria. Passamos para abril deste ano, mas por causa da pandemia só saiu agora.

Eu sou uma pessoa pé no chão, quando me procuraram falando que tinham um convite e me contaram que queriam fazer uma linha, a primeira coisa que perguntei foi: "Como vai ser? Qual vai ser minha participação? Vou poder escolher tudo? Como vai ser o processo? Aí me contaram que, sim, eu ia poder testar, participar ativamente das escolhas. Por isso, concordei.

Eu, como uma mulher crespa, fiquei muito emocionada, e não só por mim. Eu não sou dessas pessoas que querem vender a representatividade de forma barata, mas realmente percebi que isso ia ser muito significativo. Por isso, trouxe para eles a ideia de ser uma linha liberada para crianças, porque para mim fazia muito sentido.

Nós crescemos acreditando que ter cabelo crespo e cacheado era inaceitável, de ouvir um "como você deixa o cabelo dessa menina assim?". E hoje quando vou num evento, vejo as crianças de cabelo natural solto, vejo que é um movimento que está passando de geração para geração. É bom que mulheres negras se vejam de forma mais positiva e que as crianças consigam ver essas mulheres se vendo de forma mais positiva.

A gente passou por muitos rituais: tinha o ritual do pente quente, do formol... Então, porque não trazer agora um ritual ligado ao fortalecimento da autoestima das crianças como elas são? Por que não iniciar esse processo pensado em "olha como seu cabelo crespo é bonito! Me diz qual é o produto que você usa?".

E existe o lado negativo de associar sua imagem a uma marca grande? Teve algum receio antes de topar a empreitada?

É muito difícil, é um lugar de muita insegurança. Por mais que seja um produto que chegou no lugar que a gente queria, quando vai para o mundo bate a insegurança de que milhares de pessoas vão testar... E se elas não gostarem? É um outro lugar de avaliação.

Eu já trabalhava com a marca desde 2016, então meu público já estava muito acostumado. E a construção com Seda que estamos fazendo desde então me deixou mais tranquila, porque eu vi, e essa é uma coisa que a gente bate sempre na tecla com toda empresa que a gente trabalha que é: qual a mudança que a empresa tá fazendo internamente? Porque não adianta mudar a capa, a publicidade, se geralmente não estão fazendo a mudança interna.

E essa parceria chegou em um momento em que eles estavam em um movimento interno. Tanto que a sugestão para a criação da linha veio de funcionários, veio com as novas contratações de pessoas negras que eles tinham feito. Mulheres negras que eles contrataram falaram "ainda não tem linha para crespa, a gente precisa ter". Aí eles começaram a fazer uma pesquisa para saber com quem eles fariam essa linha e meu nome surgiu assim por causa dessas mudanças internas.

Divulgação Divulgação

Você é a coordenadora de conteúdo de um dos canais do Felipe Neto. Quando a sua contratação foi anunciada, muitas pessoas negras abraçaram a ideia, mas outras criticaram muito fortemente a sua ligação com o Felipe. Qual a importância em cargo como esse em um canal que chega para milhares de crianças e jovens hoje? E como você recebeu essa recepção do público?

Por mais que a proposta seja boa, eu sempre sou a pessoa que pede uns dias para pensar, porque eu nunca falo sim de cara. No caso dessa proposta, que veio da Play9, uma empresa em que o Felipe Neto é sócio. Quando veio a proposta eu pensei nas possibilidades, pensei no meu caminho como marca. Sempre prezei muito pelo conteúdo e a responsabilidade dele.

Crianças e adolescente são um público que eu não alcanço, mas que entendo como de extrema importância. É mais fácil falar com uma criança do que com um adulto, porque depois que cresce as ideias estão mais formadas, fica mais difícil destruir certos pensamentos preconceituosos, naturalizar certas coisas. Então aceitar o convite foi muito nesse sentido: entender que é importante criar um conteúdo responsável para esse público. E eu bati nessa tecla que o canal em si vai continuar sendo para crianças e adolescentes, só que de uma maneira responsável, que a criança vai assistir e não vai reproduzir homofobia ou racismo, por exemplo.

Engraçado que quando saiu a notícia, eu não tinha trocado uma palavra com o Felipe e nem com o Lucas Neto, então o convite não foi feito especificamente por eles. O que a gente precisa é da certeza da decisão. A partir do momento que tive certeza, que refleti sobre prós e contras, fiquei muito tranquila quando recebi comentários de crítica. Porque antes eu coloquei no papel para ver se a proposta conversava com os valores da minha marca, se conversava com os valores da Gabriela. Então, estava tudo certo.

E falando em criança, recentemente você anunciou que iniciou o processo de adoção. Pode falar um pouco sobre como tem sido esse momento da sua vida?

Eu acho que a maternidade também quebra um pouco a expectativa não só do público como da minha própria marca. Porque minha mãe sempre me falou: "o negócio é estudar e trabalhar, se der um dia você arranja alguém e tenha um filho". Mas desde muito nova eu falava que queria ser mãe de quatro filhos, hoje em dia eu penso um pouco melhor sobre e quero só três (risos). Só que eu sempre pensei em ser mãe. A maternidade sempre foi um processo que me atraiu, mas não necessariamente a gestação. E a adoção é mais uma possibilidade para quem quer iniciar esse processo de ser pai ou mãe de uma criança, e aí foi muito natural.

Quais os desafios você imagina que irá enfrentar como mãe? O fato de ser mãe solo é algo que te aflige? Como você entende a maternidade hoje?

Eu não tenho uma grande expectativa. Percebo que para mim, os meus olhos brilham com a possibilidade de acompanhar o desenvolvimento, o amadurecimento e o crescimento de um filho ou uma filha. Eu quero ter esse processo de conhecer alguém, de acompanhar a vida dessa outra pessoa. Mas eu não tenho grandes expectativas. Se tivessem me perguntado em 2010 como me vejo em 10 anos, jamais diria que estaria vivendo com um canal no Youtube. A vida muda. E eu sou uma pessoa que costuma pensar em cenários muito complexos, então, eu sei que tem umas questões que a gente vai ter que dar conta, mas ao mesmo tempo também sou muito "deixa a vida me levar que as coisas vão dar certo, vão se ajeitar". Eu sou otimista.

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