Ilona Szabó trabalhava nos bastidores. Mesmo tendo sido sempre o rosto do Instituto Igarapé, um grupo civil que estuda as áreas de educação, políticas de drogas e segurança pública. Também é uma das lideranças do Agora, movimento que oferece oficinas políticas a possíveis candidatos. Foi Ilona quem costurou discretamente a candidatura do apresentador Luciano Huck, um dos membros do grupo, à presidência em 2018 e pode ajudá-lo caso decida disputar o cargo mais importante do país no próximo pleito. Ela desconversa: "Tem muita água para rolar".
Em fevereiro de 2019, o nome de Ilona foi um dos assuntos mais comentados nas redes sociais. A cientista social foi citada por William Bonner no Jornal Nacional devido a um ataque ordenado na internet pela base do presidente, um episódio que ficaria marcado na vida pessoal de Illona e do país. Mesmo um ano depois do episódio, o caso ainda ganhava a atenção de Jair Bolsonaro (sem partido), que comentou sobre ela após a demissão do ex-ministro Sergio Moro. "Não foi fácil conseguir a exoneração dessa pessoa", disse na ocasião.
Ilona foi nomeada como suplente em um conselho para a área de segurança pública formado pelo então "superministro" Sergio Moro. Um dia depois, foi removida. A base radical do presidente fez uma campanha na internet contrária a Ilona, que não é conhecida pelo ativismo à esquerda, mas tem posicionamentos contrários à liberação de mais armas. Ela seria a única mulher no conselho. A revogação foi a primeira amostra de enfraquecimento político de Moro e amostra da postura do governo federal, que até então poderia mudar o tom da campanha. "Naquele momento, se eu não tivesse aceitado, a radical seria eu", relembra. Os ataques foram de ameaças à família ao envio de fotos com corpos ao seu endereço de e-mail. Pelas ameaças, hoje mora no Canadá.
Neste mês, Ilona lança um livro para narrar a experiência e explicar sobre como participar do "debate cívico". A cientista social ainda defende a bandeira "nem de direita, nem de esquerda", linha que deve ser utilizada por Huck. O global mantém conversas com Moro e o ex-ministro da saúde Luiz Henrique Mandetta. Os dois, porém, foram do governo que Ilona chama de "populista e autoritário".
Na entrevista abaixo para Ecoa, explica se Huck deve tentar a presidência, como podemos participar mais da política e sugere maneiras de termos um país menos violento, com menos armas e revertendo a guerra às drogas.