'Nasci em São João de Meriti, na região metropolitana do Rio de Janeiro, e fui criada na Pavuna, que é um bairro na cidade do Rio, com os meus irmãos, minha mãe e meu pai. Mas chegou um ponto em que a violência doméstica que a gente sofria ficou insustentável, então fomos morar com o meu irmão mais velho.
Estudei a vida toda em escolas da rede pública do Rio e, quando entrei no curso de Gerência em Saúde, na Escola Politécnica da Fiocruz, foi um choque de realidade muito grande. Era muito doido estar numa escola que tinha porta, papel higiênico, sabonete e comida boa, até para os vegetarianos.
A Fiocruz fica em Manguinhos e tem muitas favelas ao redor. O meu primeiro ano do ensino médio foi muito conturbado porque tinha muita operação policial nas redondezas. Perdi muita aula por causa disso — às vezes a gente tinha de se jogar no chão, ou ser evacuado para uma estação de trem que não era a nossa para não tomar um tiro, e isso afetou as minhas notas.
Olhei para aquele problema, li alguns livros sobre como a violência impacta adolescentes, e mandei um e-mail para a Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) pedindo ajuda. Recebi orientações de outras pessoas também. Comecei a escrever um projeto de lei que fala de prevenção de violência urbana nas escolas e me tornei Parlamentar Jovem Brasileira.
Entendi que eu era uma cidadã global e que eu não precisava ficar limitada ao meu município para fazer a diferença.'