Em junho de 2019, a vida do menino Kaique Brito, hoje com 16 anos, mudou. Depois de receber de uma amiga um vídeo pelo WhatsApp, ele decidiu dublá-lo nas suas próprias redes sociais, acrescentando uma boa dose de humor. No vídeo, uma mulher diz que os negros estão, agora, sendo racistas com pessoas brancas.
"Eu sabia que aquilo era absurdo, já tinha visto vídeos e lido sobre", diz o adolescente nascido em Salvador. A acusação de "racismo reverso" não tem cabimento, como explica o advogado e professor universitário Silvio Almeida no livro "Racismo Estrutural": "membros de grupos raciais minoritários podem até ser preconceituosos ou praticar discriminação, mas não podem impor desvantagens sociais a membros de outros grupos majoritários."
Mas voltemos à história de Kaique. Um amigo o incentivou a postar a dublagem no Twitter e da noite para o dia o vídeo ganhou mais de 100 mil curtidas. Hoje, conta com 160 mil likes, 63,7 mil repostagens e 3,4 mil comentários. "Surreal", comenta sobre a viralização. Com ela, os números de seguidores bombaram, e Kaique soma mais de 240 mil seguidores no Twitter com seus 116 mil no Instagram e 169 mil no TikTok.
Aproveitando o sucesso, ele continuou a abordar assuntos como política, meio ambiente, direitos humanos e causas LGBTQIA+. Sempre usando o bom humor, sua marca registrada. Mesmo quando fez vídeos dublando membros do governo e foi bloqueado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), Kaique aproveitou para ironizar o fato. "Não vou ficar neutro, eu viralizei com meu posicionamento, não faz sentido do nada parar de me posicionar sobre as coisas", comenta ele, que também é embaixador do WWF-Brasil e ajuda a divulgar campanhas e discussões promovida pela ONG em defesa do meio ambiente.
Mas o que leva um garoto tão jovem a falar de temas tão complexos? Ecoa bateu um papo com Kaique para entender o que o motiva a ser um jovem ativista e como ele entende a importância das redes para divulgar causas sociais.