Única mulher entre as dez pessoas mais ricas do Brasil, a empresária Luiza Helena Trajano, presidente do conselho de administração do Magazine Luiza, diz que é o mercado financeiro quem tem mostrado que promover diversidade nas empresas é também sinônimo de lucro. Na outra ponta, afirma, os consumidores estão exigindo engajamento e postura cidadã antes de fechar a compra.
"O que está acontecendo agora é um fenômeno, as empresas estão tomando consciência de que têm que ter diversidade. Não é nem pelo ideal, é para o negócio delas", disse Trajano, em entrevista exclusiva a Ecoa. "Não tem nada que mude mais do que quando o mercado financeiro compra [uma ideia]".
Defensora de política de cotas e da maior participação de mulheres em espaços de decisão nas companhias, Luiza Trajano foi quem saiu publicamente para explicar o processo seletivo para trainees exclusivo para profissionais negros no último ano. A medida gerou intenso debate nas redes sociais e chegou a ser chamada de discriminatória por alguns internautas.
"Quero deixar bem claro que a porta de entrada foi abaixada, mas depois que eles passaram essa porta, todas as outras continuaram as mesmas. Se você tem um filho que não está bem em matemática, o que você faz? Você dá reforço. Eles não tiveram oportunidade de ter o inglês particular, então o que nós fizemos? Eles vão ter reforço agora", diz.
Trajano é presidente e uma das fundadoras do grupo Mulheres do Brasil, uma rede suprapartidária que reúne mais de 70 mil empresárias, artistas, profissionais liberais e de organizações comunitárias para discutir e influenciar políticas públicas no Brasil. "Eu só acredito na transformação de uma nação quando a sociedade civil organizada resolve assumir. Não tem nenhum salvador da pátria".
Na entrevista a seguir, a empresária fala ainda sobre racismo, pandemia, políticas de diversidade nas empresas, mercado financeiro e uso de novas tecnologias no combate a discriminações.