Aos 41 anos, Marcelo D'Salete exibe um respeitável currículo de autor de histórias em quadrinhos. Seus dois últimos livros "Angola Janga" (Veneta, 2017) e "Cumbe" (Veneta, 2014) venderam, juntos, mais de 200 mil cópias no Brasil, foram adotadas por escolas públicas e privadas, ganharam prêmio e edições em vários países.
Filho de um eletricista e de uma auxiliar de enfermagem, Marcelo foi criado nos bairros de São Mateus e Artur Alvim, na zona leste de São Paulo. Por meio da literatura e do rap na adolescência, tomou consciência sobre questões como a luta contra a discriminação racial e os movimentos de resistência negra.
Formado em artes plásticas, mestre em história da arte pela USP, ilustrador e professor, Marcelo aponta a necessidade de se contar histórias de pessoas reais, mais do que de super-heróis. "A história da diáspora africana passa pela trajetória de pessoas que foram traficadas, passaram por situações extremamente difíceis, mas que conseguiram estabelecer estratégias de negociação e sobrevivência. São as histórias dessas pessoas e de seus descendentes que precisam ser contadas", diz o quadrinista.
O autor falou a Ecoa sobre influência dos mangás, processo de pesquisa e criação sobre o Quilombo de Palmares e a herança fundamental dos povos bantos à cultura brasileira.