"Eu sou um caipirinha de Mogi das Cruzes", declara logo no começo do papo um dos brasileiros mais famosos (e amados) do país, o cartunista Mauricio de Sousa, 85, pai da "Turma da Mônica" e de mais de 400 personagens que já venderam, em 60 anos, mais de 1,2 bilhão de gibis.
Quem acha que o simpático Mauricio nasceu na capital paulista se engana. Ele estreou em nosso planeta azul no dia 27 de outubro de 1935, na pequena Santa Isabel, cidade que conta com cerca de 57 mil habitantes. Mudou-se com os pais para Mogi das Cruzes, onde passou boa parte da infância "nadando nos rios e pescando", como alegra-se em recordar. Nos anos 50, já em São Paulo, foi repórter policial, mas seu sonho era atuar em outra parte dos jornais: as tirinhas em quadrinhos.
Se a Mônica (e outros personagens da turminha, como Nimbus) foram inspirados em seus filhos, Maurício baseou o caipira Chico Bento em suas vivências no interior do país. Chico, criado em 1961, tornou-se, em 2020, embaixador oficial do WWF Brasil — ONG cuja meta é "criar um futuro onde sociedade e natureza vivam em harmonia."
Neste sábado (27), acontece "A Hora do Planeta", movimento global organizado pelo WWF e apoiado por Ecoa. A campanha contra as mudanças climáticas geradas pela destruição da natureza inclui a segunda edição do Festival Digital da Hora do Planeta, que rola no dia 27, a partir das 13h com transmissão ao vivo por aqui e tradução para libras. O festival contará com diversas mesas, inclusive uma que reunirá Mauricio de Sousa, Fábio Porchat, Gilberto Gil e Ailton Krenak.
Aliás, Chico Bento pode ser o embaixador do WWF. Mas Mauricio confessa que seria Franjinha, estrela de sua primeira tirinha ao lado de Bidu, publicada em 1959, o personagem escolhido por ele para presidente do Brasil neste momento pandêmico. "Por que [o Franjinha] é um cientista e nós estamos nas mãos dos cientistas neste momento, inclusive. Por que não sonhar com isso?" Por que não?