Quando o professor Thiago Sá, 35, chegou em Maricá, município da região metropolitana do Rio de Janeiro, em 2018, ficou surpreso. Ele tinha acabado de mudar de São Paulo, onde a tarifa de ônibus é uma das mais caras do país, para um município com tarifa zero. Em Maricá, basta dar sinal para os ônibus, chamados "vermelhinhos", para acessar a cidade de 362 km², uma das maiores da Costa do Sol, no Rio de Janeiro.
A catraca continua nos ônibus para registrar o número de passageiros, que chega a 110 mil por dia no município de 161 mil habitantes, mas não tem cobrador e nem validadores de cartões instalados. Desde 2014, quando foi fundada a Empresa Pública de Transportes (EPT), os moradores conseguem andar de ônibus de graça no município.
''Participei das Jornadas de Junho, em 2013, que começaram justamente com uma questão de preço do transporte. Também estive próximo do Movimento do Passe Livre, então foi muito feliz chegar numa cidade em que realmente o transporte é gratuito'', diz Thiago.
Há oito anos, o sistema gratuito começou com apenas dez ônibus e três linhas, hoje são 115 ônibus e 38 linhas. As bicicletas completam as rotas de deslocamento na cidade. Apelidadas de "vermelhinhas'' e igualmente gratuitas, elas vão até onde os ônibus não chegam. Thiago costuma ir para a escola municipal onde trabalha de bicicleta, mas com a expansão das linhas, passou a utilizar mais os ônibus públicos.
''Há dois anos, não tinha ônibus que chegasse até o meu bairro, mas agora tem um ônibus que passa a cada meia hora.''