Após se divorciar, nos anos 1990, a filósofa e professora Maria Eliane Pereira de Oliveira conheceu a diretora escolar Maristela Dall'oca. Segundo Eliane, a companheira correspondia à imagem clássica que se tem de uma diretora: era durona e exigia respeito dos alunos. Foi Maristela que a convenceu a ficarem juntas.
Àquela altura, Eliane tinha viajado pelo mundo, se especializado em paisagismo, era mestre em pedagogia e tinha uma estante com centenas de livros de filosofia e literatura, só nunca teve um relacionamento com outra mulher até aquele momento. "Foi normal", diz.
Também juntas, por volta de 2018, sonharam em construir um jardim botânico em São Paulo. Como duas professoras, o primeiro objetivo era criar um espaço de educação ambiental, ensinando sobre meio ambiente para moradores de uma área cada vez mais devastada pelo avanço da cidade.
Como casal, hoje, há um sentido especial na criação do jardim particular. Em uma manhã, Eliane tentou acordar Maristela, mas a diretora morreu enquanto dormia. A causa foi um infarto, afirma a filósofa.
Sozinha, a partir daquele dia, Eliane tocou a casa e sonho que as duas tinham. Está construindo um jardim botânico que no futuro terá portas abertas para pesquisadores, observadores de pássaros, universitários, crianças, artistas e pessoas em busca de natureza dentro da maior metrópole do país.