Sou nascido e criado no Complexo do Alemão, venho de uma realidade de extrema pobreza, comecei a trabalhar bem jovem e a favela é a minha grande escola de vida, hoje todos os meus movimentos são para tentar levar novas possibilidade e perspectivas para esse espaço
Passei por vários projetos sociais da favela, aprendi muito e ao mesmo tempo observava coisas que poderiam ser feitas para melhorar ainda mais essas atuações, foi por aí que tive insights para também criar outras iniciativas.
Comecei a trabalhar aos 13 anos em uma feira de rua que acontecia no principal acesso à favela. Mas eu não era feirante, ficava no pé do morro oferecendo serviço braçal aos mais velhos para carregar suas compras em busca de algum trocado.
Isso me transformou num comunicador. A comunicação é uma ferramenta central em todos os meus processos. Primeiro porque precisei perder minha vergonha de falar em público e de me posicionar. E também porque quem aceitava essa ajuda eram as pessoas que moravam em regiões mais distantes da favela. Ou seja, nesse caminhar com as pessoas eu pude conhecer melhor a favela, locais com esgoto a céu aberto e outros mais estruturados, até com árvores, áreas com barracos de madeira e outras partes com casas legais, enfim, as várias realidades que formam a comunidade. E o mais importante: ter amizade com essa velha guarda, a ancestralidade viva do complexo do Alemão, que foi de uma riqueza enorme.