"Sabe qual é a coisa mais linda da percussão? Que ela mostra que a música está em tudo que tocamos, em tudo que vivemos. Ela lembra que tudo pode ser música", diz Marcos Roberto Cezário, de 53 anos, conhecido na região da "cracolândia" como Pirata.
Filho de um sambista da escola de samba Barroca Zona Sul, em São Paulo (SP), Pirata nasceu em berço de samba, mas foi no pagode que ele se encontrou como músico profissional.
Sua história ganhou um capítulo especial em 2017, quando se juntou ao grupo Pagode na Lata, coletivo que está fazendo da música um instrumento de geração de renda e redução de danos na "cracolândia". Com dois pontos de encontro no local — à tarde, no fluxo da "cracolândia", e à noite, no Bar da Nice — o grupo se apresenta a cada duas segundas-feiras e conta com frequentadores de todas as cores e idades.
"Quando fazemos uma roda e deixamos todos participarem, o próprio usuário reconhece a sua importância. Com essa abertura, podemos trocar ideias sobre práticas de redução de danos, desde a prevenção de doenças causadas pelo compartilhamento de cachimbos até a redução do uso de substâncias", explica o sociólogo e um dos organizadores do evento, Marquinho Maia, de 39 anos.