Após décadas de estudos, pesquisas recentes estão confirmando o potencial terapêutico da ayahuasca para a depressão. Boa notícia para quem sofre da doença. Nem tanto para os povos indígenas da Amazônia, que há séculos utilizam a beberagem em rituais religiosos e medicinais.
Para eles, o desenvolvimento de novos tratamentos com derivados sintéticos da substância, que devem chegar ao mercado através de patentes farmacêuticas, acende o alerta de que, mais uma vez, o conhecimento tradicional não terá o devido reconhecimento.
O comportamento se repetiu ao longo da história. Muitos produtos comerciais já foram desenvolvidos a partir do conhecimento indígena sem que comunidades levassem algo por isso, do histórico guaraná ao adoçante estévia, usado pelos guarani, entre outros, como guaco, açaí e jambu, tratados como "conhecimento difuso" e "sem dono".
E não é apenas o setor farmacêutico que está de olho no mercado emergente dos psicodélicos. Segundo dados da plataforma Lens.org, atualmente, o maior detentor de patentes com DMT, substância psicodélica presente na ayahuasca, é a multinacional Philip Morris, que não atua na área terapêutica.