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"A gente quer celebrar e homenagear essas atuações tão importantes, oferecer oportunidades para impulsionar ainda mais o trabalho que fazem e inspirar o público a seguir seus passos", explicou o cantor e ator Tiago Abravanel, mestre de cerimônias do 1º Prêmio Ecoa.

Durante a cerimônia, pessoas, iniciativas e empresas que criaram e estão criando soluções para superar desafios e resolver problemas no campo social, econômico e ambiental tiveram suas atuações celebradas e suas lutas compartilhadas ao vivo e, agora, on demand.

Mais do que apenas premiar os vencedores, o Prêmio Ecoa também promoveu momentos de troca de aprendizados e tecnologias sociais entre as homenageadas e as colocou no centro de discussões urgentes para a sociedade brasileira, amplificando suas vozes e construindo pontes entre agentes de transformação, audiência e a sociedade, de forma propositiva e inspiradora. Ícone de uma vida dedicada ao próximo, o padre Júlio Lancellotti abriu a conversa com Tiago falando sobre a importância do trabalho junto à população mais vulnerável.

Entre uma conversa e outra, a voz potente da compositora e multi-instrumentista Bia Ferreira compartilhou letras que questionam o racismo estrutural, evidenciam a força da mulher negra e pregam o amor. A apresentação chegou em seu momento catártico com a participação especial de Preta Ferreira, cantora, atriz, e ativista pelo movimento de moradia.

Para marcar cada categoria do prêmio, a artista Andressa Oliveira desenvolveu um troféu artesanal pensado especialmente para cada vencedora. O cenário, todo criado a partir de materiais descartados e recicláveis pelo artista plástico Renato Tija, ajudou a reforçar o caráter sustentável do evento, que teve sua pegada de carbono neutralizada.

Cada detalhe da premiação levou em conta os valores de Ecoa e prezou por profissionais e prestadores de serviço que se preocupem com o tripé da sustentabilidade, com atenção a aspectos como responsabilidade ambiental, social e financeira.

Assista à premiação

Os indicados foram divididos em cinco categorias: Iniciativas que Inspiram, Empresas que Mudam, Causadores, Fizeram História e Vozes que Ecoam — as duas últimas decididas por voto popular.

Para as três primeiras categorias, a lista de indicados foi pré-selecionada pela equipe de Ecoa a partir das reportagens publicadas desde o nascimento da plataforma, entre outubro de 2019 e junho de 2021. A ponteAponte, parceira técnica do prêmio, fez uma análise dos projetos e encaminhou a lista final para um júri multissetorial, que escolheu os vencedores.

Divulgação

Irmã Dulce

A categoria Fizeram História foi uma homenagem póstuma que olhou para mulheres e homens que dedicaram suas vidas a reduzir desigualdades e combater a fome e o racismo. Irmã Dulce foi a escolhida por votação popular.

Primeira santa brasileira a ser canonizada pelo Vaticano, Irmã Dulce nasceu em 1914, em Salvador, como Maria Rita de Sousa Brito Lopes Pontes. Passou a se chamar Irmã Dulce em 1933, quando se tornou freira. Na Bahia, onde atuou durante a vida toda ajudando pessoas em necessidade, ficou conhecida pelo apelido de "Anjo Bom da Bahia".

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Passados quase 30 anos do falecimento de Santa Dulce, buscamos manter o seu legado, mantendo acesa a sua missão de amar e servir, seguindo seus valores mais preciosos de amor ao próximo, de respeito às diferenças e às diversidades, a humildade com que ela tratava todos -- de empresários a quem batia em sua porta precisando de ajuda

Maria Rita Pontes, sobrinha de Irmã Dulce e superintendente da ONG Obras Sociais Irmã Dulce

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Rede de Mulheres Produtoras do Pajeú

A Associação da Rede de Mulheres Produtoras do Pajeú busca romper com a condição de isolamento das mulheres do sertão a partir da organização coletiva na luta por direitos sociais, econômicos e políticos. Elas formam diversos núcleos em várias cidades de Pernambuco, atuando para gerar renda, diminuir o isolamento das mulheres rurais da região, fortalecer a comunidade feminina, criar redes de apoio e oferecer formação política e agroecológica.

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Muitas mulheres ainda não entenderam a importância do seu trabalho, que é através dele que a comida vai para a mesa. Temos um público de 280 mulheres no Pajeú, que se articulam, e temos várias mulheres que estão adquirindo sua independência financeira e política através desse trabalho. A gente precisa avançar

Ana Cristina Nobre, educadora social e uma das coordenadoras da Rede de Mulheres Produtoras do Pajeú

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Marulho

No Brasil, 580 kg de equipamentos de pesca, como redes, são descartados no mar por dia, de acordo com o estudo da Organização Proteção Animal Mundial. Foi da vontade de fazer algo para proteger os oceanos que nasceu a Marulho, em Ilha Grande (RJ). Contando com a ajuda de rendeiros locais, a empresa usa redes de pesca descartadas para produzir itens como sacolas, bolsas, fruteiras e esfregões.

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Construímos um modelo de negócio para a venda de produtos de impacto. Qualquer pessoa pode nos procurar na Marulho, nas redes sociais, e encontrar os nossos produtos. Hoje, do nosso faturamento, cerca de 49% foi revertido como renda direta para a comunidade. Também estamos fazendo parcerias com empresas que querem mudar suas embalagens e fazer parte dessa transformação com a gente.

Beatriz Mattiuzzo, cofundadora da Marulho

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Carmen Silva

Carmen Silva é professora de urbanismo no Insper (Instituto de Ensino e Pesquisa), líder do MSTC (Movimento Sem-Teto do Centro) e, agora, vencedora do 1º Prêmio Ecoa na categoria Causadores por sua luta pelo direito à moradia digna para famílias na região central da cidade de São Paulo. Seu movimento coordena cinco ocupações, sendo a maior delas a 9 de Julho, que abriga mais de 120 famílias.

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Quando nós ocupamos prédios vazios, abandonados, nós ocupamos porque estamos cansados de ver a hipocrisia da falta efetiva de políticas públicas. A moradia é um direito básico, assim como a educação, a alimentação, a acessibilidade. Estamos falando de uma capital que tem 190 mil imóveis desocupados, entre prédios, casas, terrenos, galpões, e uma população de quase 400 mil pessoas sem ter onde morar.

Carmen Silva, coordenadora do Movimento Sem-Teto do Centro

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Reprodução/Instagram @christorloni

Christiane Torloni

A atriz Christiane Torloni foi escolhida por votação popular como vencedora da categoria Vozes que Ecoam por seu trabalho como ativista pelo meio ambiente. Ela é conselheira e representante da ONG Fundação Amazônia Sustentável (FAS), fundada em 2008 para a conservação ambiental da Amazônia através da valorização da floresta e sua biodiversidade, e da melhoria da qualidade de vida das comunidades ribeirinhas associada à implementação e disseminação do conhecimento sobre desenvolvimento sustentável.

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O Brasil, através das suas redes sociais, neste momento, tem uma ferramenta de fiscalização enorme. Nós nos acostumamos com o sentimento de impotência diante dos governos municipais, estaduais e federais, mas isso é 'fake news'. Da mesma maneira que, através do voto, nós podemos eleger os nossos candidatos, através das nossas redes sociais devemos ser verdadeiros fiscais daquilo que está sendo feito e, principalmente, daquilo que não está sendo feito.

Christiane Torloni, atriz, diretora e ativista pela Amazônia

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Quero dedicar essa musica à minha irmã Lorys e a todas as pessoas que lutam, porque nossa luta é por sobrevivência. Parabéns a todas as pessoas que constroem esse país na mão. Vamos libertar o Brasil

Preta Ferreira, no encerramento do Prêmio Ecoa

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