Igualdade para todo mundo

Busca por uma sociedade justa e com oportunidades a todos é o foco do trabalho de finalistas do Prêmio Ecoa

Camilla Freitas De Ecoa, em São Paulo

A luta pela igualdade pode tomar muitas formas e defender diferentes grupos em situação de vulnerabilidade. A União de Núcleos de Educação Popular para Negras, Negros e Classe Trabalhadora (Uneafro) viu no acesso à educação superior o caminho mais direto para que a população negra tivesse acesso igualitário a oportunidades. Mais de 15 mil pessoas já passaram pelos cursinhos populares promovidos pela organização, que têm atualmente 40% de índice de aprovação em vestibulares.

Já a Conta Black promove igualdade racial por meio de inclusão financeira, oferecendo conta bancária e empréstimos especialmente para pessoas negras e das classes C, D e E - tradicionalmente excluídas dos grandes bancos. Igualdade de gênero é o foco da Pantys e suas calcinhas absorventes. Além de comercializar um produto que é mais sustentável para o planeta, a empresa promove ações de combate à pobreza menstrual e procura quebrar tabus que envolvem a menstruação.

O trabalho das três não só tem impactado positivamente a sociedade e a busca por negócios sustentáveis, como rendeu a elas o posto de finalistas no 1º Prêmio Ecoa. Uneafro está na disputa pela categoria Iniciativas que Inspiram, enquanto Conta Black e Pantys concorrem como Empresas que Mudam.

O Prêmio Ecoa

O conteúdo de Ecoa, do UOL, destaca o trabalho de pessoas, empresas, organizações, coletivos, movimentos, redes e projetos que agem para transformar o mundo e a sociedade positivamente.

Para potencializar vozes, impulsionar e dar visibilidade às iniciativas, o Prêmio Ecoa surge homenageando transformadoras e transformadores sociais que estão criando soluções para superar desafios e resolver problemas no campo social, econômico e ambiental, promovendo equidade de raça, de classe e de gênero na sociedade.

A lista de indicados é montada a partir de histórias contadas em reportagens publicadas por aqui e é dividida em cinco categorias: Iniciativas que Inspiram, Empresas que Mudam, Causadores, Fizeram História e Vozes que Ecoam — as duas últimas decididas por voto popular.

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Calcinha absorvente: A luta pela igualdade de gênero

Quando você ouve a palavra desigualdade, talvez a primeira coisa que venha à sua cabeça seja a desigualdade de renda, mas ela não é a única. As diferenças impostas a homens e mulheres no mercado de trabalho, por exemplo, são um dos indicadores de outra desigualdade, a de gênero.

Enquanto 54,5% das mulheres com 15 anos ou mais integravam a força de trabalho no país em 2019, o percentual de homens era de 73,7%, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Mulheres em posição de liderança ganham 23% a menos que homens na mesma função, de acordo com a Catho. Em 2021, o Congresso conta com apenas 15% de mulheres. A desigualdade de gênero está em diferentes esferas, e isso não é diferente quando o tema é saúde e políticas públicas.

"É impossível falar de menstruação sem falar de pobreza menstrual. Sabemos que esse é um problema muito grande. Sabemos o quanto o acesso a produtos para menstruação é importante para que as pessoas acessem o mercado de trabalho, por exemplo", comenta Emily Ewell, sócia da Pantys, marca que entende que, por meio da quebra de tabu em relação à menstruação e da dignidade do ciclo menstrual, mais mulheres podem se empoderar.

Por isso, atua com doações desde seu dia zero, como explica Emily. Ela atuava no ramo de produtos farmacêuticos e de higiene pessoal e se juntou à sobrinha Maria Eduarda, com experiência em consultoria financeira, pesquisas sobre o mercado feminino e confecção de lingerie, para criar a primeira marca de calcinhas absorventes no Brasil.

Certificada pelo Sistema B, a Pantys atua não só para seu crescimento quanto para aprimoramento de tecnologias sustentáveis, como o uso de tecido biodegradável e produtos de carbono neutro, e atuação em causas sociais.

Conta para negros: A luta pela igualdade racial

"O Brasil vem de uma construção escravocrata, onde algumas pessoas valiam mais que as outras. Isso se reflete até hoje", diz Katia Maia, diretora executiva da Oxfam Brasil, em referência ao racismo estrutural e institucional brasileiro.

Esse tipo de comportamento racista pode surgir tanto por meio de ofensas diretas quanto por coisas sutis, como um crédito negado pelo banco. Cerca de 45 milhões de pessoas (com mais de 16 anos) não possuem conta em bancos no Brasil. Deste total, segundo pesquisa do Instituto Locomotiva, 69% são negros e 86% são das classes C, D e E. Outra pesquisa, essa realizada pelo Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) em parceria com a Fundação Getúlio Vargas, mostra que a maior parte dos empresários negros receberam um "não" quando solicitam empréstimos. Foram 56 em cada 100.

A história do publicitário Sérgio All exemplifica isso. "Eu era correntista há mais de dez anos da mesma instituição, movimentando muito dinheiro e contratando todos os serviços que o banco me oferecia. Quando precisei de crédito, procurei o meu gerente e, inesperadamente, recebi um sonoro 'não'. Questionei e ele disse que era uma questão sistêmica, que não tinha nada a ver com órgãos de restrição. Saí de lá frustrado e com a certeza de que a questão racial tinha sido determinante", conta.

Foi ali que ele percebeu que poderia não ser o único a passar por esse tipo de situação. Decidiu empreender e criar seu próprio banco que chamou de Conta Black.

É na Conta Black, então, que essas pessoas encontram um lugar mais acolhedor para abrir conta e pedir empréstimos. "Entendemos que o desafio da desbancarização e exclusão financeira também impacta na desigualdade social e na economia dos mais pobres. Tomamos como missão ampliar o acesso a serviços financeiros a todas as pessoas, sem burocracia, mas com educação financeira, por meio de ferramentas simples, para que o crédito também não se torne um inimigo", diz Sérgio.

Além de pagamentos, transferências e cobranças, a conta pode ser aberta por pessoa física ou jurídica com acesso a linhas de investimentos. O acesso é feito pelo site da Conta Black e de seu aplicativo.

Cursinho popular: Igualdade de oportunidade

Quando pensamos em equidade, principalmente no mercado de trabalho, o que está diretamente ligado a condições sociais melhores, pensamos em educação. Estudar é citado por 22% dos entrevistados em pesquisa da Oxfam Brasil como aspecto mais importante para melhorar de vida.

Foi pensando nisso que, em meados do mês de março de 2009, um grupo de ativistas fez um protesto na Faculdade de Medicina da USP cobrando políticas públicas para o acesso da população negra nas universidades estaduais de São Paulo. Foi dessa articulação que nasceu a Uneafro Brasil.

A União de Núcleos de Educação Popular para Negras, Negros e Classe Trabalhadora (Uneafro) é uma rede de cursinhos gratuitos voltada para alunos de escolas públicas de periferia.

Segundo sua fundadora Vanessa Nascimento, são 39 núcleos de Educação Popular que contam com mais de 230 professores voluntários. Anualmente 1.200 estudantes, em média, ingressam nos cursinhos da Uneafro, 40% deles conseguem acessar o ensino superior público ou privado com bolsas de estudos. Ao todo, mais de 15 mil pessoas participaram dos cursinhos pré-vestibulares e durante a pandemia, 1.500 alunos e alunas foram atendidos pelo Núcleo Virtual do projeto.

"Os núcleos da Uneafro, localizados, na sua maioria, em territórios periféricos, são formados por educadores e militantes que entendem que a educação é um instrumento muito poderoso para a oportunidade de melhores condições de vida. Vale destacar que não é possível falar do Movimento Negro em São Paulo na última década sem citar ações e mobilizações de que fizemos parte e tantas vezes protagonizamos", completa Vanessa.

Você também pode participar!

Duas categorias do Prêmio Ecoa serão definidas totalmente por voto popular. Você pode escolher a personalidade que está usando sua voz para incentivar o público na busca por um mundo melhor na categoria Vozes que Ecoam e também quem será homenageada por ter dedicado sua vida a transformar o país e continua a inspirar mesmo após sua morte na categoria Fizeram História.

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Iniciativas que Inspiram

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Causadores

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