Estive na favela de Paraisópolis, em São Paulo, três vezes. Na primeira, há anos, fui para visitar uma amiga. A segunda foi há dez dias, no dia 23 de novembro, um sábado. Na ocasião, fui acompanhar de perto a apresentação de outra amiga no palco do primeiro G10 Favelas, encontro das comunidades mais ricas do Brasil.
O objetivo do evento, inspirado no G20, a reunião das superpotências econômicas mundiais, é divulgar o poder da economia dentro das favelas, atrair investidores e quebrar o paradigma de que dentro da quebrada só tem violência. A ideia de promovê-lo surgiu depois que um estudo realizado no ano passado concluiu que, juntas, as dez favelas mais ricas do país teriam um poder de consumo de 7,7 bilhões de reais em 2019.
Além de Paraisópolis, o grupo é formado pelas favelas Rocinha (RJ), Rio das Pedras (RJ), Heliópolis (SP), Cidade de Deus (AM), Baixadas da Condor (PA), Baixadas da Estrada Nova Jurunas (PA), Casa Amarela (PE), Coroadinho (MA) e Sol Nascente (DF).
Em um clima festivo, participaram do G10 pessoas de diferentes estados do Brasil e nomes de peso como as empresárias Luiza Trajano e Ana Fontes, o deputado federal Vinícius Poit e convidados estrangeiros vindos de países como Portugal e Estados Unidos. Além, é claro, dos orgulhosos moradores da comunidade.
E eles tinham mesmo todo o motivo para se orgulhar. Afinal não é todo dia que um evento consegue realizar a façanha de reunir as dez favelas mais ricas do Brasil em um único espaço. Na abertura, a música do fundo fez meus pés mexerem. E todo mundo, independente da cor da pele, se levantou das cadeiras para dançar na batida da cantora Sarah Roston.
A minha ideia era voltar dali a algumas semanas, para conhecer de perto os projetos sociais e de empreendedorismo que fazem daquela uma das mais importantes favelas do Brasil. Mas o plano foi antecipado. A tragédia do último fim de semana, quando nove jovens foram mortos durante o Baile da DZ7, pedia urgência. Precisávamos contar o que mais tem em Paraisópolis.