Cacique Raoni é um guerreiro defensor da preservação da natureza e da demarcação de terras o tempo todo. Esse indígena kayapó não chega em casa e guarda seu botoque (disco que de madeira que usa na boca) e pendura seu cocar para assumir outra personalidade.
Nessa luta, já apertou a mão de pessoas como do ex-presidente do Brasil Juscelino Kubitschek, do rei da Bélgica Leopoldo 3º e do papa João Paulo 2º. Também já esteve presente em eventos históricos como a demarcação do Parque Nacional do Xingu e a posse de Lula em 2023, quando subiu a rampa do Planalto para passar a faixa presidencial. Além disso, Raoni foi indicado a receber o Prêmio Nobel da Paz em 2020 — mas não conquistou
Como é impossível falar do Xingu sem falar de Raoni, ele esteve em São Paulo para prestigiar a mostra "Xingu: Contatos" e outros eventos no IMS (Instituto Moreira Salles).
Seus 93 anos lhe conferem o caráter de entidade, que desistiu de falar português ao assumir que se expressa melhor em sua língua nativa. Em kayapó, as falas do cacique são articuladas, potentes e expressivas, gerando grande expectativa do público restrito que o aguardava no centro cultural da avenida Paulista.
E foi em uma das salas do IMS que Raoni e sua equipe receberam a reportagem de Ecoa, para quem, felizmente, ele não respondeu nenhuma pergunta de forma direta. Em vez disso, trazendo a força viva e orgânica da floresta em cada "não-resposta", trouxe ensinamentos profundos sobre a importância da luta pelo respeito à vida e toda sua forma de manifestação.