A economista Gabriela Mendes Chaves provoca: "O capital é colaborativo...entre si. As grandes empresas são solidárias, montam oligopólios e concentram a renda." Por isso, ela defende que as periferias criem sistemas econômicos, com o nome que seja, para fortalecer quem foi escolhido para o papel de vulnerável. "O dinheiro tem que circular dentro da comunidade, de forma horizontal e transparente. Tem que haver um esforço para criar um ambiente de empreendedorismo social e negócios de impacto no território. Exemplos não faltam."
Um deles é tocado por Thiago Vinícius Silva, que montou até um banco comunitário no distrito do Campo Limpo, zona sul de São Paulo. "O pobre sempre fez economia colaborativa, desde a época do escambo. Vai falar que não é economia em rede fazer mutirão e bater laje na casa do vizinho? Onde os outros enxergam isso como inovador, aqui é a vivência diária da periferia", sentencia o ativista que toca uma incubadora que ajuda mais de 300 microempresas da região.
Circular, solidária, regenerativa, compartilhada, seja qual for. Primeiro de tudo: essas economias não concorrem entre si. Afinal, quem cultua a concorrência é a economia dominante. As ideias dessas economias se misturam. Ou, como preferem se referir, uma se aninha na outra. O conceito de aninhamento reforça que um sistema está contido no outro e há neles uma promessa de futuro.
Cada um desses formatos tem um enfoque. A colaborativa prioriza formar conexões. A solidária reforça a distribuição justa na cadeia produtiva. A regenerativa antepõe recuperar habitats e culturas enquanto produz. O que muda é a entrada no assunto, mas todas buscam uma saída para o labirinto que a humanidade se meteu priorizando lucros elevados, crescimento contínuo e a cultura da eficiência.