Um rio navegável, sem odor, com águas menos turvas, vida aquática e rodeado por árvores, restaurantes, equipamentos culturais e esportivos. E, claro, muita gente ao redor.
Para projetar o futuro do rio Pinheiros é preciso lembrar que ele já teve um passado. E o passado era um rio cheio de curvas e cercado de araucárias onde os habitantes da futura maior cidade do país podiam navegar, praticar esportes, lavar as roupas e pescar.
Resultado de um século de crescimento desenfreado, quando a população de São Paulo saltou de 230 mil habitantes, em 1900, para os mais de 10 milhões atuais, o rio Pinheiros passou, ao longo do século passado, por inúmeras intervenções que o transformaram em um lago sem vida. Foi canalizado, retificado, teve a calha aprofundada e suas águas foram bombeadas, no sentido inverso do curso natural, em direção à represa Billings. O bombeamento precisou ser interrompido no fim dos anos 1980 por causa da poluição —que ainda persiste.
Em 2019, primeiro ano de sua gestão, o governador João Doria (PSDB) prometeu despoluir o rio Pinheiros até dezembro de 2022. A meta era (e ainda é) reduzir o esgoto lançado em seus afluentes e melhorar a qualidade das águas e revitalizar seu entorno. Com o projeto, que prevê investimento em torno de R$ 4,5 bilhões, contando recursos privados, o governo quer incentivar empresas a instalar cafés, bares, restaurantes, museu e até um cinema ao ar livre às margens do rio. E transformar o local em uma versão paulistana de Puerto Madero, em Buenos Aires.