Você provavelmente o conhece como Jack McCoy, o promotor público que durante 16 anos defendeu vítimas na série Law & Order. Talvez também como Sol, na divertida Grace & Frankie, que terá sua sétima e última temporada na Netflix em 2021. Enquanto colecionava papéis de sucesso, prêmios, indicação ao Oscar e uma estrela na calçada da fama em Hollywood, o norte-americano Sam Waterston mantinha uma vida longe dos holofotes dedicada a salvar os oceanos.
Aos 80 anos, o ator acompanha de perto as vitórias de ativistas contra a pesca predatória, a poluição de plástico nos mares e o embranquecimento dos recifes de corais mundo afora. "Está se tornando uma tendência muito positiva na América Latina", conta em entrevista a Ecoa realizada no fim do ano passado.
A paixão pelos oceanos se transformou em propósito quando seu amigo e ator Ted Danson e o ambientalista Keith Addis apresentaram o trabalho da Oceana, ONG que fundaram em 2001 e atualmente é a maior organização não-governamental para preservação dos oceanos. Em setembro, Waterston foi eleito presidente do conselho diretor da iniciativa. Além de gravar vídeos para campanhas de conscientização, ele participa de eventos, vai a manifestações e faz pressão política por mudanças. Durante a conversa com Ecoa, esteve acompanhado pelo diretor geral da Oceana Brasil, o oceanólogo Ademilson Zamboni, para falar sobre ações locais voltadas ao rastreamento de pesqueiros e captura sustentável.
O ano passado foi agitado para o ator. Antes da pandemia, Waterston e a amiga e ativista Jane Fonda foram presos durante uma manifestação contra o aquecimento global em Washington D.C. A ideia, ele conta, era justamente essa: "fazer com que o nosso megafone ficasse ainda maior."
Assim como Fonda e Lily Tomlin, vetaranas ativistas com quem contracena em Grace & Frankie, ele quer usar a fama engajar mais pessoas na demanda por políticas que possam atacar problemas estruturais, sem deixar o ônus da transformação nas mãos de escolhas individuais de consumo. "Podemos ajudar os políticos que querem fazer a coisa certa pressionando-os. Eles ficarão felizes", afirma.
Simpático e de jeito pacato, o ator capricha nos adjetivos para descrever sua relação com a natureza e a causa ambiental. A linguagem, para ele, é importante, e faz questão de dar a gravidade da situação: vivemos uma disrupção do clima. "Mudança climática parece muito benigno", diz ele.