Em 1962, no auge da Guerra Fria, o ativista indiano Satish Kumar iniciou uma marcha por três continentes para alertar sobre os riscos de um conflito nuclear. Inspirados pelas ideias do filósofo britânico pacifista Bertrand Russell, ele e o colega E.P. Menon partiram do túmulo do líder indiano Mahatma Gandhi, em Nova Déli, e levaram a mensagem de paz às capitais de quatro potências nucleares: Moscou, Paris, Londres e Washington. A pé e de barco, percorreram 13 mil quilômetros por dois anos e meio. Desde então, Satish tornou-se um ícone dos movimentos pacifista e ambientalista em todo mundo.
A trajetória incomum começou na infância. Aos 9 anos, o garoto nascido no estado do Rajastão tornou-se um monge jainista [o jainismo é uma das religiões mais antigas da Índia]. Aos 18, conheceu um dos principais discípulos de Gandhi, Vinoba Bhave, e se juntou a ele em protestos pela reforma agrária na Índia. Nos anos 70, mudou-se para a Inglaterra, onde foi editor da revista de ecologia "Resurgence" e escreveu uma dezena de livros sobre o assunto. Em 1991, fundou o Schumacher College, centro de referência em estudos sobre sustentabilidade e destino de muitos brasileiros — mais de 500 fizeram pós-graduação ou cursos rápidos na instituição sediada em Totnes, na Inglaterra.
O ativista e educador de 85 anos falou a Ecoa sobre a guerra na Ucrânia, o desmatamento da Amazônia, o risco de greenwashing na agenda ESG (sigla em inglês para boas práticas na área ambiental, social e de governança) e o papel de cada um para enfrentar os desafios da crise climática global.