"O [escritor] João Cabral de Melo Neto escreveu que quando você acende uma vela, a primeira pessoa que se ilumina é você. Acho que eu acendi a minha vela", comenta o poeta.
Hoje, olhando a periferia, ele a compara com várias velas acesas, onde todo mundo se vê e, com isso, tudo fica iluminado. Anos depois das primeiras caminhadas para vender suas poesias, Vaz diz que fica orgulhoso do que enxerga.
"Agora nossas referências estão aqui, na periferia", diz ele, antes de emendar iniciativas e pessoas que vem à mente quando fala em revolução a partir das periferias.
"Tem os Cadernos Negros, Panelafro, a Naruna [Costa] arrebentando, o Douglas Belchior, as candidaturas de mulheres trans, o Nós, Mulheres da Periferia, o Sidney Santiago lançando filmes com os Crespos, o Jé Oliveira, o Salloma Salomão, Renato Cândido na política", cita. "Falei ontem com o [advogado] Silvio de Almeida, que pode ser nosso ministro, entendeu? É um caldo muito louco".
Sem esquecer a ancestralidade, Vaz também diz que é importante falar da juventude negra, que hoje ele vê com orgulho pautando questões na sociedade que nunca antes foram defendidas.
"Fico feliz. Isso é fruto do movimento negro na escadaria do Teatro Municipal, passou pelo hip hop, passa pelo Sarau do Binho, passa pelo Elo da Corrente e está aí hoje resgatando pessoas importantes, como Elza Soares e Conceição Evaristo".
Com um cigarro na mão, rodeado de livros, com palavreado certo para dar respostas e enaltecer o que dá orgulho no coração, Vaz parece mesmo um padre que, do seu púlpito, vê o resultado do trabalho paroquial e abençoa as iniciativas que ajudou a criar e as vidas que salvou com o poder da palavra.